quarta-feira, 8 de julho de 2015

ALDUISIO MOREIRA DE SOUSA - 1

        TENTAÇÃO E TENTATIVA DE DEFINIR O CONCEITO DE  
                                          INCONSCIENTE
                                                                                          Alduisio Moreira de Sousa
            O procedimento doutrinário de Lacan no que tange à cientificidade da Psicanálise deve muito a Louis Althusser e aos alunos da École Normale Supérieure da Rue D’Ulm. Foi no seu ensino ali – na École – que ele procedeu de forma francamente matemática com escrita lógica algébrica e foi radicalizando sua própria então incipiente axiomática, deixando emergir interrogações nunca antes feitas em seu ensino: epistemologia numa exigência de clareza sem igual, pois ali encontrava um público jovem e desafiador para o qual devia se dispor realmente a uma abertura não simplesmente mudança de endereço, mas criar um lugar de abertura para novos interlocutores do Seminário então aberto para não analistas e para novos horizontes teóricos: filosofia marxista (no caso, maoista), matemática, topologia e as questões postas pela comunidade de um público diante da efervescência política pré-revolucionária [ou pré 1968], que abalou os alicerces políticos da cultura e da ciência supostamente neutra em relação à política e à ideologia. O ensino então carecia de maior precisão, e se apresenta então diante da exigência de atualidade do publico novo da nova comunidade. Foi como se lhe fosse exigido contas sob a forma conceitual a qual não estava habituado. Foi ali que ele abriu espaço para os jovens normalistas e inclusive àquele que se tornou seu principal interlocutor – Jacques-Alain Miller que se tornou seu genro ao se casar com sua filha Judith Miller. Ali também que formulou o Seminários sobre os conceitos fundamentais da psicanálise interrogando-os pelo viés da ciência de onde surgiu o Seminário 11, então nomeado por Miller como “os quatro conceitos fundamentais” [o inconsciente, a pulsão a transferência e a repetição] cuja abertura tem por tema: A Excomunhão, onde Lacan manifesta sua identificação a Espinosa de 1656,  e então foi o momento que interrogou sistematicamente a cientificidade da psicanálise se interrogando no seu ensino: a psicanálise se seria uma ciência ou não? É então daí que Lacan se interroga, pontuado por Louis Althusser em sua leitura marxista de Freud e do Próprio Lacan. Temos uma refundação dos interrogantes teóricos, tendo como interlocutores Althusser e seus discípulos: Jacques-Alain Miller, Ives Duroux, Alain Grosrichard, e Pierre Souris etc. Lacan fica à vontade para falar do materialismo histórico e dialético pela releitura de Marx promovida pelo genial Louis Althusser. Tal como leio a Psicanálise, Lacan aí fala e ensina como um cientista. A lógica de seu ensino se radicaliza e ousa um procedimento até então inusitado em sua elaboração, cujo apoio em Frege se torna manifesto.  A partir de então, o procedimento eclético se torna pouco a pouco algébrico, num processo formal seguindo um algoritmo que ele já havia definido em 1957 e uma composição conceitual por proposições na lógica já então fregeana, da relação entre função e argumento.
Diz Lacan em 1957: “( .../..). vamos fiar-nos nas premissas (...) pelo fato de que a linguagem teria efetivamente conquistado, na experiência, seu status de objeto científico. (.../..). por esse fato que a linguística se apresenta numa posição piloto (.../...) para uma reclassificação das ciências (.../...) como acontece com toda ciência no sentido moderno (...) no momento constitutivo de uma algoritmo que a funda”. S/s.
            Quando estudamos Frege através do texto A SUTURA de Jacques-Alain Miller e depois indo diretamente aos textos fregeanos, deixamos escapar a oportunidade de estendermos o tratamento conceitual para fazermos uma checagem deles para nossa atividade seja de estudos ou da clínica. Não de uma aplicação, mas de exercício de dedução já que poderíamos diretamente acrescentar ao conceito de conceito, de número e de sucessor uma elaboração do próprio conceito de INCONSCIENTE que está posto nas condições de enunciação, e assim apurarmos nosso entendimento da doutrina e da prática analítica.
De entrada, na SUTURA, nas provocações de Miller, ele diz que: “O campo freudiano não é representável por uma superfície fechada”, deixando claro que a estrutura que o representa este campo é moebiana com uma invariante e os objetos topológicos subsumidos são a Cinta de Moebius, a Garrafa de Klein e o Cross-cap. O passo que faltava é mínimo para alojar o conceito de Inconsciente. É o que proponho que trabalhemos, já que, na página 12 eis o que o autor diz:
“.../... a relação que na álgebra lacaniana é dita do sujeito ao campo do Outro (como lugar da verdade) se identifica à que o zero mantém para com a identidade do único como suporte da verdade. Esta relação, enquanto matricial, não poderia ser integrada da objetividade,  –  é isto que  doutrina o doutor Lacan. O engendramento do zero, a partir dessa não-identidade-a-si sob cuja batida não cai coisa alguma do mundo, pode ilustrá-la para vocês. (.../...) O que constitui essa relação como matriz da cadeia deve ser isolado nessa implicação que faz determinante da exclusão do sujeito para fora do campo do Outro (A), sua representação sob a forma do um do único, da unidade distintiva chamada por Lacan “o unário” (l’unaire). Na sua álgebra, essa exclusão é marcada pela barra que vem afligir o S do sujeito diante do grande A (Outro), deslocamento cujo efeito é a emergência da significação significada ao sujeito. (.../...) Não entabulada pela troca da barra, essa exterioridade do sujeito ao Outro $(A) se mantém, instituindo o inconsciente”.
Ou seja, a barra que escrevia a posição do Sujeito como uma demanda indeterminada, como carência da própria cadeia como uma suposição aflige então ao sujeito, já que ele diante do Outro está em posição de carência pelo efeito de seu desejo, cuja mostração aponta para o traço-unário, como elemento que lhe é fundador enquanto sujeito: sua castração. Aqui, podemos colocar uma dupla acepção: do que limita e possibilita, de onde surgirão as formações que sob o signo da carência ou suposta suficiência ao Ideal do Eu e Eu ideal. Ou seja, da distinção aberta pelo Estádio do Espelho de 1936/1949.
Temos aí a relação S(A) significante diante do Outro, sem mais é a condição da fala e como exclusão do sujeito de seu campo, campo do Outro, lugar da verdade. O matema s(A), é proposto como significado ao sujeito. É como da reversão do inicio do grafo do desejo, e em seguida significante diante falta do Outro, aqui é onde o Outro é barrado $(Ⱥ), nos indicando que é do campo mesmo da verdade que devemos sacar o Significante e de lá, da barra que aflige o $ujeito que ele é interrogado sobre sua ex-sistência. A falta marcada sobre o Outro então é o sujeito que a toma pra si, quando fala, daí sua determinação e responsabilidade, pois sua fala se inscreve como obturação buscada dessa falta, ou seja, da carência de seu Outro. Daí, o passo necessário é a elaboração de um novo conceito de objeto, de onde resulta o Objeto a. Pensemos na subsunção e na atribuição para este paradoxal objeto?
Percebamos e façamos o registro do que o autor chama de significação para o sujeito, o que entendi como da ordem da mensagem, em seguida é que o Outro é barrado, já que é nele que temos a bateria significante, e por ele ser barrada significa que não é todo, e a barra como uma inversão da mensagem retorna ao sujeito que aí então aparece ele, o Outro, como barrado (Ⱥ), o Outro como barrado é apontado pelo traço-unário. É aí que situamos a própria emergência do Inconsciente, como ato ainda não conceptualizável enquanto tal, mas como enganche indicando a necessidade de uma elaboração.  
 Devemos situar esta superfície evocada no texto da SUTURA, que deveria conter o que é representável do campo freudiano, superfície cujo ponto comum ou invariante é a torção moebiana: temos então a moebianiedade como condição e como tal temos os objetos topológicos referidos como vemos nos objetos aqui mostrados ou descritos: a própria cinta de Moebius, a Garrafa de Klein e o Cross-cap para que pensemos a Lógica do Significante na obra de Lacan, na construção dos objetos, funções, argumentos da elaboração linguageira.   
Processo formal, e como tal por ser puramente formal, implicando todos os campos do saber, na produção do sujeito, aqui considerado como um movimento linear engendrando-se no seu próprio percurso, extrapolando sua origem linguística inclusive com a distinção dada por Frege  entre sentido e significado.  Aqui no que nos interessa é interessante pensar a cientificidade da psicanálise, tomando como exemplo, pelo conceito de CONCEITO, conceito de NÚMERO e de SUCESSOR, tal como Jacques-Alain Miller pontuou em seu texto A SUTURA. O conceito de sucessor, definido a partir do conceito duplamente contraditório nos trás o CONCEITO DE INCONSCIENTE.
O conceito de SUTURA ele explicita como “a relação do sujeito à cadeia significante de seu discurso”. Estrutura onde o enunciador se faz presente por sua ausência na locução onde ele está como lugar-tenente da marca de passagem de interior a exterior discursivo ou ainda pela diferença posta pelo enunciado e a enunciação. Frege acrescentará nessa binariedade a presença da diferença entre sentido e significado, ou sentido e significação.
Miller vai trabalhar considerando e questionando os axiomas fundadores de Peano: ZERO, NÚMERO e SUCESSOR.
Eis os axiomas de Peano:
1        Zero é um número.
2         O sucessor imediato de um número é um número. 
3        Zero não é sucessor de nenhum número.
4        Não há números que tenham o mesmo sucessor imediato.
5        Qualquer propriedade pertencente a zero e também ao sucessor imediato de cada número que tenham estas propriedades pertence a todos os números.
     Ao retomarmos a axiomática de Peano ela nos libera e convoca para a reflexão, mas exige que tenhamos como sabido que ela está na base teórica de nossas elaborações. Ela é suturante aqui para nosso exercício de pensamento, já que elabora a relação do sujeito à cadeia de seu próprio discurso. Miller se interroga e responde sua própria interrogação: “O que é que funciona na série dos números inteiros naturais, ao que é preciso relacionar sua progressão? É a função sujeito”, aqui ainda desconhecido que opera. Observemos que ele diz função sujeito e não função do sujeito, simples observação para a atenção requerida a seguir.
Frege exclui o empirismo e o psicologismo no que seria a passagem da coisa à unidade e à coleção das unidades e daí à unidade do número. Aí a função sujeito e mesmo do sujeito pensante toma emprestado a figura da abstração e da unificação. A unidade então é conferida ao indivíduo como à coleção e o que marca o número é seu nome. Trata-se aqui de uma Vorstellungen objetiva excluindo então o empirismo e seu efeito de ser uma Vorstellungen subjetiva, ou psicológica. Esta exclusão do empírico e do psicológico (subjetivo) vai dar espaço para a noção que podemos identificar à repetição. Veremos que a repetição é um avanço na direção da subjetivação como automatismo sulucionante.
             Frege trabalha de forma ternária com três conceitos: CONCEITO, OBJETO e NÚMERO e duas relações, SUBJUNÇÃO e ATRIBUIÇÃO, ou ASSINAÇÃO. De forma simplificada e rigorosamente determinada pelo uso das duas relações: SUBSUNÇÃO e ATRIBUIÇÃO, que seria mais prático chamar de NOMEAÇÃO. Ou seja, o conceito convoca um objeto que ele então SUBSUME e em seguida o NOMEIA.
A localização espaço-temporal – a seriação dos números inteiros – do objeto cria a diferença entre objeto e coisa integrada. A coisa então desaparece e ressurgindo como OBJETO, que é a coisa enquanto UNA. Fica assim claro que o conceito que opera no sistema formado a partir da SUBSUNÇÃO é um conceito reduplicado: O CONCEITO DE IDENTIDADE A UM CONCEITO. A atribuição é então a nomeação, ou melhor, um dar nome à coisa subsumida. É aí que começa a lógica, já que a indução no conceito pela identidade dá nascimento à dimensão lógica e provoca a emergência do numerável.
Vamos ao exemplo do texto A SUTURA, de Miller:
Um conceito: “o filho de Agamenon e Cassandra”, convocamos para subsumi-los Pélops e Telédamos que serão os objetos que serão atribuídos após subsumi-los e daí segue que os objetos que caem sob o conceito é “idêntico ao conceito: filho de Agamenon e de Cassandra”.
Fica evidente que o conceito que opera no sistema formado a partir da determinação da subsunção é um conceito reduplicado: o conceito de identidade a um conceito. Ou seja, um conceito dentro do Conceito para torná-lo operável. É daí que surge o numerável. A seriação dos números inteiros, com o conceito de SUCESSOR trás o paradoxo do Inconsciente através do que constitui a base do numerável,  cujo procedimento devemos reestudar.
Os filhos então são aplicados a si mesmos – condição da verdade – o que os transforma em unidade a passar ao estatuto de objeto e como tal numerável. O um da unidade singular, esse um do idêntico ao subsumido esse um é aquilo que todo número tem de comum: ser antes de tudo constituído como unidade. Daí temos que a atribuição do número tem a seguinte operação: “o número atribuído ao conceito F é a extensão do conceito “idêntico ao conceito F””. Aqui está o ponto chave segundo o raciocínio de Frege: a reduplicação do conceito. Um Conceito subsume sempre um objeto, mas partes e mesmo todo um Conceito pode ocupar o lugar de objeto de outro conceito. É um conceito auxiliar ou como Miller o nomeia, reserva. Este encaixe será determinante e presente em toda formulação de Frege, sabem bem quem procurou seguir a elaboração passo a passa dos Fundamentos da Aritmética de Gottlob Frege.
        O sistema ternário (Conceito, Objeto e Número) de Frege, tem por efeito só deixar à coisa o suporte de sua identidade a si, no que ela é então objeto do conceito operante e numerável. O conceito atribuível, assinante, com sua unidade unificante se subordina à unidade distintiva – articulável – para dar suporte à seriação que suporta o número. O fundamento da unidade distintiva situa no princípio de que é a função da identidade que confere a todas as coisas do mundo a propriedade de serem unas, completando sua transformação em objeto de conceito (lógico).  
EADEM SUNT QUORUM UNUM POTEST SUBSTITUI ALTERI
                     SALVA VERITATE. (Leibniz)
Idênticas são as coisas que podem ser substituídas uma a outra sem que a verdade se perca. Temos aqui a emergência da função da VERDADE.
Se uma coisa não puder ser substituída por si mesma o que seria da VERDADE? Absoluta é sua subversão. 
“... a verdade se reencontra no que a coisa substituída, porque idêntica a si mesma pode ser objeto de julgamento e entrar na ordem do discurso: idêntica a si mesma, no discurso ele é então articulável”.
Vemos que a identidade a si mesma é essencial para o que salva a verdade: A VERDADE É. CADA COISA É IDÊNTICA A SI MESMA.
Foi preciso nessa travessia de Frege evocar ao nível do conceito um objeto não idêntico a si mesmo, rejeitado em seguida (mas necessário à reflexão) pela discensão da verdade.
                          O NÚMERO ZERO
O ZERO, 0, do primeiro axioma de Peano é que se inscreve no lugar do número consuma a exclusão  desse objeto, nada poderia ser escrito ali e se é preciso grafar algo será um 0 apenas para figurar um branco e tornar visível a falta. Do ZERO-falta ao ZERO-número se conceptualiza o não conceptualizável. Há aqui uma alteração fundamental, pela evocação e revogação do ZERO-número. O zero entendido como número que marca um conceito que deveria subsumir um objeto na verdade subsume a falta de objeto e como tal uma coisa é a primeira coisa não real no pensamento.
Se do número Zero construímos o conceito ele subsume como seu único objeto o número Zero. O número que marca este único objeto é então o número 1.
O sistema de Frege opera a cada um dos lugares que ele fixa pela circulação de um elemento: do número Zero a seu conceito, deste conceito a seu objeto e a seu número. Circulação que produz o 1.  0 é então contado por 1 uma vez que o conceito de Zero subsume no real apenas um branco que é o suporte geral da série de números. Isto é demonstrado por Frege com a operação do sucessor que é (n+1).
Tomemos um número: 3, (três). Ele nos serve para construir o conceito de “membro da série dos números naturais terminados por 3 (três)”. O número assinado (atribuído) a este conceito é quatro, pois contamos (n+1). Atribuindo ao seu conceito reduplicado o número 3 funciona como o número que unifica a coleção reserva. No conceito de “número da série dos números naturais terminado por 3”  ele é termo (elemento e elemento final).
Na ordem do real o 3 subsume 3 objetos. Na ordem do número que é a do discurso premido pela verdade, são os números que contamos antes do três: antes dos 3 há três números ele é portanto o quarto. Na ordem dos números há também o 0 (Zero) e ele se conta como o 1 (um). O 0 (zero) que estava em reserva passa ao termo pela somação do 0 (zero). Daí é que temos o SUCESSOR. O que no real é ausência pura e simples se acha pelo fato do número (instancia da verdade) é notado e contado como 1. É por isso que dizemos: o objeto não idêntico a si, provocado – rejeitado pela verdade, instituído – anulado pelo discurso (a subsunção como tal) – em uma palavra é o SUTURADO. Aquele que estava na reserva mas não foi descartada sua existência. A emergência da falta como 0 (zero) e do 0 (zero) como 1 determina o SUCESSOR. Penso ser o processo de SUTURAÇÃO. Seja n, a falta se fixa como 0 (zero) que se fixa como 1: n+1 que se adiciona para formar o que seria o n’, que absorve o 1.
O 1 assim engendrado deve ser tomado como o símbolo originário da emergência da falta no campo da verdade e o sinal + indica o passamento, a transgressão pela qual o 0-falta vem a ser representado pelo 1 e produz por essa diferença de n a n’ o que reconhecemos como efeito de sentido, o nome de um número.
                   A DIREÇÃO VERTICAL E A HORIZONTAL
“A repetição geradora da série dos números se sustenta nisso, do que o Zero-falta passar segundo um eixo vertical de início, transpassando a barra que limita o campo da verdade para nela se representar como 1 (um), abolindo-se em seguida como sentido em cada um dos números da progressão sucessorial.
Se distinguimos o 0 (zero) como falta do objeto contraditório dos que suturam em ausência  na série dos números devemos distinguir o 1 (um), nome próprio de um número daquele que vem fixar numa marca o 0 (zero) do não idêntico a si suturado pela identidade a si, lei do discurso, o que dá as garantias no campo da verdade do dizer. O paradoxo a ser compreendido (do significante no sentido lacaniano) é o de que a marca do idêntico representa o não idêntico de onde se deduz a impossibilidade de sua reduplicação, e por isso não há metalinguagem, e daí temos a estrutura da repetição (re-petição) como processo de diferenciação do idêntico.
A série dos números é uma metonímia do 0 (zero) na série sucessorial  horizontal, mas sua efetivação como inicial é de uma substituição na verticalidade: donde substituição metafórica e contiguidade metonímica. O discurso da lógica convoca um objeto impossível como não idêntico a si mesmo, negativo puro no campo da verdade: O SUJEITO no sentido lacaniano, busca a suturação para se sustentar como e no discurso para em seguida desaparecer na sua própria efetuação, daí sua fugacidade e sua permanência paradoxal, como citado no início em Cinta de Moebius, Garrafa de Klein e Cross-cap.  Temos então uma estrutura que tento dar uma ideia da seguinte maneira:
                              SUJEITO – SUTURA – INCONSCIENTE
                                           S (Ⱥ) >>>>>>>>>> $ (A)
O objeto impossível que o discurso da lógica convoca como não idêntico a si e o rejeita como negativo puro, quando ele insiste em se fazer presente nós o chamamos de SUJEITO. Sua exclusão para que o SUJEITO se relacione efetivamente com a cadeia de seu próprio discurso foi dado o nome de SUTURA, este batimento que vai do significante ao campo Outro que é marcado como falta S(Ⱥ), o efeito disso, acolhimento ou injunção de onde o existente recolhe a barra que o funda como pura exterioridade $(A) é que o aliena nos efeitos da fala na linguagem, é onde escrevemos o conceito de INCONSCIENTE.
Temos assim uma tripartição: SIGNICADO para o Sujeito que poderia ser grafado como a escrita da mensagem no grafo da Subversão do Sujeito nos Escritos: s(A); a da cadeia significante que o sujeito sutura ou mesmo tenta burlar sendo então recortado pelos sentidos metafórico e metonímico da cadeia sendo puro efeito da falta no campo do Outro S(Ⱥ); o campo exterior onde o sujeito é rejeitado não é suporte para a dicotomia linguística do significado / significante nos seus múltiplos efeitos de significância pela repetição (tal A carta roubada), a isto, quando efetivado chamamos o INCONSCIENTE, precedido do artigo definido para configurar um conceito.

Podemos enfim no lugar do objeto-não-idêntico-a-si-mesmo, para o qual convém o termo paradoxal do nome de Objeto a, sua moebianidade e os objetos que subsume (Cinta de Moebius, Garrafa de Klein e Cross-cap) é a FUNÇÃO SUJEITO que reconhecendo, pelo uso da linguagem a sua incompletude ou sua infinitude o INCONSCIENTE como conceito seria o ATO de fazer sua causa ou razão (matemática) ao que subsumindo um objeto do zero-falta ao zero-número que enfim é falta de objeto, é nomeado sempre como um-a-mais (n+1) nessa duplicidade da presença-ausência, o nome desta operação paradoxal, convém conceptualizar de: INCONSCIENTE. A barra que aflige o Outro (Ⱥ) retorna ao sujeito que então é barrado ($). Esta barra é o efeito do ATO INCONSCIENTE.  

                                                                                     Alduisio

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