quarta-feira, 8 de julho de 2015

A MALANDRAGEM NA LITERATURA DE CORDEL


A Literatura de Cordel (LC), por ser pertencente a um gênero classificado como “poesia popular” e manter um contato sólido com a literatura oral – da qual é herdeira –, sempre manteve um diálogo representativo com as questões concernentes às vicissitudes da existência, geopoliticamente marcadas em suas obras, onde não pode faltar a fala que faz eco às injunções do meio social da qual é oriunda. Seja na produção ou na recepção, a LC confirma os vínculos socioafetivos norteadores de sua arte, uma arte popular, com sua sabedoria e beleza peculiar, que expressa uma realidade, um mundo simbólico e o imaginário de um povo “nordestinado” à luta. Conforme Zenir Campos Reis (1995:9), as narrativas populares, combinam “real e possível, miséria e dignidade humana, precariedade presente e desejo utópico de um futuro mais justo”; portanto, caracteriza-se como uma prática social, artística e cultural de grupos “subalternos” da sociedade, cujo “canto” ecoa nos seus pares, também proletários, que compõem  a maioria do público consumidor.

Assim como acontece na literatura dita erudita, o tipo social definido como “malandro” também aparece com certa freqüência na literatura popular, e mais especificamente, na Literatura de Cordel. Desde as proezas do anti-herói ibérico Pedro Malazartes e seus congêneres nacionais João Grilo e Camões, a cultura popular sempre devotou certa admiração a esses personagens de comportamento ambíguo, que surgem como campeões de tiragens dos folhetos de cordel. Nesse trabalho, analisaremos o folheto de Cordel “O ladrão besta e o sabido” de autoria de Roxinô, que na realidade trata-se de uma “embolada” – desafio verbal em que dois cantadores acompanhados por pandeiros criam versos em torno de um mote previamente acertado – composta de uma quadra (o mote ou refrão) e vinte e nove sextilhas com rimas do tipo ABCBDB.

Inicialmente convém definirmos adequadamente o tema de nossa investigação. Malandro é definido pelo dicionário Aurélio como: indivíduo dado a abusar da confiança dos outros, ou que não trabalha e vive de expedientes. Encontramos ainda o termo como significando velhaco, patife, indivíduo preguiçoso, gatuno, ladrão; e, indivíduo esperto, vivo, astuto, matreiro. Tais definições podem ser aplicadas sem maiores constrangimentos às personagens da obra analisada: os dois ladrões da poesia de Cordel. O malandro encanta porque nos remete ao mundo lúdico da facilidade, da felicidade – gozo no jargão lacaniano – e da falta de compromisso. Em 1970 Antonio Candido escreveu um célebre ensaio para falar da lógica da malandragem a partir da análise do romance "Memórias de um sargento de milícias", e, dele extrai uma estrutura comum entre forma literária e processo social: a qual denominou "dialética da malandragem". Segundo o crítico, haveria uma reversibilidade entre a ordem e a desordem que estruturaria nossa sociedade: uma dinâmica que poderia ser flagrada na ação do malandro protagonista do livro de Manuel Antônio de Almeida – Leonardo Filho, fruto de “uma pisadela e um beliscão”. Para Candido (1993:26), “o malandro, assim como o pícaro, é uma espécie de gênero mais amplo de aventureiro astucioso, comum a todos os folclores”; e, sempre presente na Literatura de Cordel.

O fascínio despertado pelo malandro, que faz com que o tipo seja freqüente na comicidade popular e mesmo na dramaticidade erudita ao longo da história, parece-nos atrelar-se a proposição de uma nova ordem (ou desordem), ou como aponta CANDIDO (1993:47), para a criação de um “universo sem culpabilidade e mesmo sem repressão”. Além disso, o tipo se coloca acima da ordem social capitalista ao boicotar o “sublime ato de trabalhar”, substituindo-o pela manobra do “arranjar-se”. Para o pesquisador Michel Misse, a malandragem do período mediano do século XIX, que aparece representado nas “Memórias”, não tinha qualquer significado positivo a não ser para o seu próprio meio social; já que o termo malandro possuía – e ainda possui – um significado marcado pela duplicidade: por um lado significava vadio, vagabundo, e, por outro vigarista e larápio. Ainda de acordo com MISSE (2005:A19), tal duplicidade “construía-se por oposição à valorização do trabalho como valor central da civilização burguesa”, e acrescenta que no Brasil
“a dignidade do trabalho entrava em contradição com o escravismo, com o fato de que aqui o trabalho era coisa indigna, coisa de escravo. Como na visão aristocrática, que nunca reconheceu qualquer dignidade ao trabalho, constituía-se assim um lugar a partir do qual podia-se renegar o trabalho em nome de uma superioridade do indivíduo frente ao rebanho de escravos e trabalhadores livres ou burgueses. Foi nesse lugar que o malandro negativo se travestiu em malandro positivo. Mas o malandro pobre – que continuava sendo encarcerado pela polícia por vadiagem – jamais pode usufruir a dignidade de não-trabalhar como acontecia com o vadio rico. E assim, pelo menos nas delegacias e tribunais, o ‘barão da ralé’ jamais pode competir em direitos civis com os barões do café”.

Como afirmamos acima, o Cordel objeto de nossa análise alcançou uma grande tiragem – tanto que ainda hoje é possível encontrar novas edições nas feiras de artesanato espalhadas pelo país – e uma enorme repercussão graças a sua propagação nos meios de comunicação com as apresentações da dupla de emboladores Caju e Castanha em programas de auditório. Entretanto, esse fato tomado isoladamente não esclarece as razões do sucesso do folheto, que já vendia bem antes de sua divulgação na mídia, e, podemos supor que sua entrada na mídia televisiva deva-se ao sucesso anteriormente alcançado junto ao público leitor-ouvinte. Parece-nos, entretanto, que é o apelo cômico o grande responsável por todo sucesso dessa poesia popular narrativa. A comédia foi tida em Atenas como um gênero inferior à tragédia, no sentido de representar a vulgaridade das ações humanas e não sua elevação, consistindo, segundo Aristóteles, em um defeito que trazia ao julgamento do público o ridículo dos caracteres, isto é, aquelas dimensões ilógicas, exageradas ou "mecânicas" de ações e de idéias, tratadas de maneira mais popular, leve e risível, mas com um forte conteúdo moral.

“Se na comédia predomina a resolução pacífica, ‘justa’ ou feliz dos conflitos, após uma série de incidentes e reviravoltas de situações (peripécias), é porque seu objetivo tem sido considerado essencialmente moral. Não a moralidade ou a ética transcendente da tragédia, mas aquela imediatamente prática e educativa. Para ela, os valores e as normas sociais tendem a ser apresentada como convenções que podem ser substituídas, justamente por serem incongruentes, absurdas ou ignóbeis”. BENTLEY (1991:58)

O cordel analisado – O ladrão besta e o sabido – vincula-se às colocações de Bentlley acerca da comédia; por ser cômico, pode fazer uma crítica social em que os valores são invertidos e na qual o absurdo se torna tangível inclusive naquilo que toca às identificações do público leitor-ouvinte. Ao se estabelecer uma comparação entre dois tipos de ladrões – o besta e o sabido – presenciamos a colocação em cena da dubiedade própria de uma estrutura capitalista marcada pela divisão da sociedade em duas classes: dessa forma, temos por um lado o ladrão sabido que é rico (relógio de ouro, carro importado) e respeitado pelas autoridades constituídas (passa perto da polícia e ainda é cumprimentado), e no outro lado, o ladrão besta, pobre (vive como um bacurau) e desrespeitado em seus direitos de cidadão (se não correr morre no pau). A poesia prossegue nas comparações entre os dois tipos marcando em cada estrofe a vinculação dos tipos às classes sociais a que pertencem:
01
“O ladrão sabido
só anda bem arrumado
o seu relógio é de ouro
o seu carro é importado
passa perto da polícia
e ainda é cumprimentado
02
O ladrão besta
Vive igual um bacurau
Não pode ouvir um alarme
Pensa que é o au-au
Sai danado na carreira
Que é pra não morrer no pau
03
O ladrão sabido
come muito e não enjoa
conhece vários países
não liga pra coisa atoa
e no guarda-roupa dele
só entra seda da boa
04
O ladrão besta
só come mesmo batata
o que tem na casa dele
é percevejo e barata
muriçoca mosca e rato
e um cachorro vira lata”.

A partir do exposto nas estrofes acima – e que serão reforçadas ao longo do texto poético do cordelista – fica demarcado o território social de cada uma das personagens: o ladrão sabido-burguês (come muito, não liga para problemas menores e se veste com requinte) e o ladrão besta-proletário (só come batata, convive com animais asquerosos e possui como único bem um cachorro vira-latas). A respeito dessa característica da poesia popular nordestina em enfocar os problemas sociais, às vezes fazendo críticas mordazes ao status quo, vale à pena conferir as proposições de Thiers Martins Moreira, que em prefácio a obra de Cavalcanti Proença (1986:24), afirma:
“Ver-se-á um dia que para a história ou para a sociologia aí se encontra uma das mais ricas fontes. A linguagem, sobretudo, aparece em um dos seus mais interessantes campos de fixação do aspecto brasileiro da língua portuguesa. Esses trovadores possuem uma consciência do valor poético e social da obra que realizam. Têm a consciência de sua arte, conhecem as regras e as éticas da criação artística que impregna a atmosfera literária de seu mundo”.
E, complementando essa colocação que aponta a inter-relação entre Arte, Consciência e História, MAGALHÃES (1999:55-56) sustenta que:
“a especificidade do reflexo artístico implica consciência do ato como artístico: o objeto pode ser uma obra de arte, mas só se percebido socialmente, por exemplo, como finalidade prática de objeto de uso cotidiano”. 
E acrescenta – a partir de uma análise lukacsiana da obra de Graciliano Ramos, mas que cabe perfeitamente no exame de nossa poesia de cordel – que:
“(...) nenhuma obra de arte pode ser estudada sem o auxílio da História, pois a verdadeira arte é um fazer história, na medida em que é um refletir do ser social sobre sua própria existência”.
E essa existência é parte inseparável da construção textual dessa poesia que reflete as particularidades de um lugar, de um tempo e de um povo.

Prosseguindo em nosso exame da poesia de Roxinô chegamos ao ponto chave: a categorização da malandragem em dois tipos; são dois tipos distintos de malandros, dois mundos diferentes, duas capacidades cognitivas antagônicas, duas possibilidades de gozo, duas classes sociais e um mesmo desejo, que seria o de arranjar-se – pelo roubo – cada qual a seu modo, fugindo do trabalho. Um ladrão rouba muito dinheiro e goza do fruto de sua malandragem hospedando-se em hotel de cinco estrelas; o outro rouba o relógio de um pobre e goza um prazer fugaz no botequim embriagando-se até acordar na mesma desgraça:
05
“O ladrão sabido
só rouba muito dinheiro
rouba hoje no Brasil
amanhã no estrangeiro
se hospeda em 5 estrela
ninguém sabe o seu roteiro
06
O ladrão besta
Dorme até no meio da praça
Rouba um relógio de um pobre
Vende pra tomar cachaça
Que quando acaba o dinheiro
Volta pra mesma desgraça”.
Roxinô continua sua descrição diferenciadora denunciando a precariedade da assistência à saúde e à defesa dos direitos da classe explorada (que não tem médico nem advogado), do contraste da moradia (mansão e favela) e do acesso ao conforto tecnológico experimentado pela classe dominante (rádio-amador, telefone, tv, computador), além de reforçar o que já apontara na primeira estrofe a respeito da relação dos dois tipos de malandro com a polícia que bajula o rico (para falar com ele precisa de autorização) e maltrata o pobre (derrubando seu barraco e tratando-o “no cacete”):
11
“O ladrão sabido
tem médico e advogado
mora em uma mansão
vive muito sossegado
até pra falar com ele
tem que ser autorizado

12
O ladrão besta
Como não tem condição
Dorme no meio da praça
Em favela em barracão
Que quando a polícia chega
Derruba tudo no chão
13
“O ladrão sabido
tem até rádio amador
telefone e escritório
tv e computador
tem mais de vinte secretárias
que lhe dão muito valor
14
O ladrão besta
A vida é levar cacete
Tem uma garrucha velha
Uma faca e um porrete
Para quem vai prender ele
É mesmo que chupar sorvete”.

Na estrofe de número treze (ver acima), dois elementos – possuir escritório e ter mais de vinte secretárias – colocados de maneira sutil pelo poeta permite-nos apreciar com mais clareza o tipo de ocupação de nosso malandro rico, barão não das ralés, mas de uma elite que ao longo de toda história do Brasil vem se perpetuando no poder graças à sua “esperteza” e a velha política de favores tão cara ao modelo de capitalismo dependente existente em nosso país. A presença de vinte secretárias nos lembra a quantidade de cargos comissionados a que têm direitos nossos parlamentares, mas o fato de serem todos eles ocupados por mulheres (que lhe dão muito valor), nos remete a um outro tipo de gozo – o sexual – que trataremos mais adiante. Para reforçar nosso argumento – a pertinência do ladrão sabido à classe dos malandros engravatados que “se arranjam”, entre outras atividades, a partir de um mandato político – vale examinar comparativamente duas estrofes uma de nosso bardo nordestino:
07
“Se morre um ladrão sabido
O seu interro é filmado
Sai em jornal e revista
Passa três dias velados
E o velório se enche
De ladrão engravatado”.
E outra de Chico Buarque de Holanda:
“Agora já não é normal
O que dá de malandro regular, profissional
Malandro com aparato de malandro oficial
Malandro candidato a malandro federal
Malandro com retrato na coluna social
Malandro com contrato, com gravata e capital
Que nunca se dá mal”.
Cremos que na estrofe de número sete (acima), o poeta nomeia nosso malandro engravatado. Senão vejamos: quem quando morre tem o enterro filmado, noticiado em jornais e revistas, e, o mais importante, tem direito a três dias de velório em que o que mais chama a atenção é a grande aglomeração de ladrões engravatados? O poeta nordestino se une ao poeta carioca para denunciar essa anomalia: o malandro oficial com gravata e capital e retrato na coluna social, esteja ele vivo ou morto. Aqui temos um excelente exemplo da estreita relação da escritura com a história, e aqui em particular “a escritura é, ao mesmo tempo, uma profecia e uma interpretação do passado” (ESTEVES 1997:71).

Nas estrofes abaixo veremos a reafirmação da vinculação a classes sociais antagônicas dos dois tipos de malandro, bem como, o reforço da posição anteriormente afirmada de uma malandragem com mandato e capital:

15
“O ladrão sabido
vai buscar aonde tem
ele rouba mas não mata
e toda vez se sai bem
onde mora é cidadão
e não deve nada a ninguém
16
O ladrão besta
é um cara muito otário
rouba de noite e de dia
pra ele não tem horário
se é de roubar um ricão
vai roubar um operário”.
Nos versos acima, destacaremos primeiramente o segundo verso para ressaltar aí algo da natureza da ideologia. O “vai buscar aonde tem” que pode ser compreendido como “roubar de um lugar que tem em abundância” e que está em oposição ao último verso da estrofe dezesseis “vai roubar o operário”, funciona como cortina de fumaça para elidir o confronto aberto do antagonismo de classes, fato aliás comum na Literatura de Cordel. Nos passa a impressão de que o ladrão sabido no fundo é “gente boa”: ele não rouba o operário, é cidadão, não deve nada a ninguém e o mais importante: rouba mas não mata.

Nas onze estrofes finais observamos a progressão da dubiedade entre os tipos de malandros em sua participação numa dada classe social, além de uma acentuação da comicidade no aumento do sofrimento – risível – desse anti-herói proletário que merece sofrer justamente por ser “besta”: é frouxo, anda moribundo, vive roxo de apanhar, anda amarelo e doente, não tem dinheiro, contenta-se com pouco, da o que tem, leva uma vida arriscada e morre cedo – ver estrofes vinte, vinte e dois, vinte e quatro, vinte e seis e vinte e oito. Qualquer semelhança com o proletariado rural e urbano de nosso tempo não parece ser coincidência.

20
“O ladrão besta
só vive levando acocho
anda todo moribundo
de apanhar vive rocho
não pode ver um soldado
corre mostrando que é frouxo”.
22
“O ladrão besta
no dia que é enquadrado
leva tanta cacetada
fica todo esconchavado
não tem um tostão no bolso
que pague ao advogado”.
24
“O ladrão besta
tem uma vida ruim
rouba sapato cueca
rouba chapéu trancilim
muitos não chegam nem 20
que os homens lhe dão fim”.
26
“O ladrão besta
anda amarelo e doente
quando rouba cem cruzeiros
vai comer cachorro quente
até que a polícia chega
e lhe prende novamente”.
28
“O ladrão besta
tem uma vida arriscada
rouba qualquer mixaria
vai preso, leva porrada
pois além de roubar pouco
da tudo e fica sem nada”.
Em contrapartida, o ladrão sabido vai ficando cada vez mais próximo daquela anomalia citada anteriormente: um malandro oficial com gravata e capital, que vai ao banco, a igreja e ao clube e que possui amigos endinheirados como ele que tomam “whisky e cerveja”; possui fazenda, se alimenta bem e não tem preocupações; é caridoso, possui carro do ano,  e os filhos estudam; planeja antes de agir, é mais esperto que um cigano e rouba dólar e cruzeiro às escondidas; mora em mansão com piscina, faz sexo com mulheres grã-finas, faz tratamento de beleza, e, finalmente, não vai para a cadeia numa clara demonstração de poder – ver abaixo as estrofes dezenove, vinte e um, vinte e três, vinte e cinco, vinte e sete e vinte e nove.
19
“O ladrão sabido
vai ao banco e a igreja
vai a clube vai a praia
vai aonde ele deseja
e quem for amigo dele
tem grana wishk e cerveja”.
21
“O ladrão sabido
vive de barriga cheia
possui terra tem fazenda
e com nada se aperreia
quando vai preso se solta
não passa um dia em cadeia”.
23
“O ladrão sabido
vive bem e da esmola
só usa carro do ano
bota os filhos na escola
e quem for mexer com ele
com certeza se atola”.
25
“O ladrão sabido
primeiro faz o seu plano
não cochila é muito esperto
anda mais do que cigano
só rouba em dólar e cruzeiro
tudo por baixo do pano”.
27
“O ladrão sabido
mora em mansão com piscina
só toma wisk do bom
transa com mulher granfina
faz massagem todo dia
pra ficar com a pele fina”.
29
“O ladrão sabido
no dia que é flagrado
pede pra telefonar
para o seu advogado
no mesmo dia ta solto
quem lhe prendeu ta lascado”.
É a lógica pervertida do capital que surge às vezes de forma velada, outra em claras afirmações, mas que sob uma linguagem cômica – em que o absurdo, o inusitado e ilógico são utilizados para promover o riso – aparecem em cada verso dessa embolada em Cordel, a partir de um recurso, a polarização: besta-sabido, pobre-rico, fome-fartura, desprazer-prazer, desrespeito-respeito, cachaça-whisky, favela-mansão, desprestígio-prestígio, desnudando a contradição de classes nos versos dessa singular poesia de Cordel.

 Antonio Carlos Ferreira Lima
                

 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


BENTLEY, Eric. O dramaturgo como pensador: Um estudo da dramaturgia nos tempos modernos. Trad. Ana Zelma Campos. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1991.
CANDIDO, Antonio. Dialética da malandragem. In: “O discurso e a cidade”. São Paulo, Duas Cidades, 1993.
ESTEVES, Antônio R. Literatura e história: um diálogo produtivo. In: REIS, Lívia de Freitas (coordenadora). Fronteiras do literário. Niterói, EDUFF, 1977.
HOLANDA, Chico Buarque. Homenagem ao malandro. In: Ópera do Malandro.
MAGALHÃES, Belmira. Um diálogo entre a realidade e a arte: a estética lukacsiana e Graciliano Ramos. In: Leitura: revista do Programa de Pós-Graduação em Letras e Lingüística: número temático: Literatura e sociedade/Universidade Federal de Alagoas, Programa de Pós-Graduação em Letras e Lingüística – CHLA.- n. 24(jul./dez.1999). Maceió: Imprensa Universitária, UFAL, 1997.
MISSE, Michel. Além do fato: a reinvenção do malandro. Jornal do Brasil, 30/01/2005 – 2ªed – A19.
MOREIRA, Thiers Martins. Prefácio. In: PROENÇA, Manoel Cavalcanti. Antologia: literatura popular em verso. 2ªed. Belo Horizonte. Ed. Itatiaia Ltda., 1986.
REIS, Zenir Campos. Ciência e Paciência: O Mestre Oswaldo Xidieh. In: Revista Estudos Avançados, 9(23), 1995, pp.12 -14.


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