segunda-feira, 17 de março de 2014

A Gênese da Personalidade



  • EXEMPLOS DA COMPLEXIDADE ENTRE OS FATORES INATOS E ADQUIRIDOS:

1.      A Identidade Sexual: Para R. J. Stoller, o sexo anatômico deve ser diferenciado do que ele chamou de gênero (convicção da adequação de seu sexo anatômico).
2.      O Nanismo psicossocial: Crianças que apresentam parada total do crescimento devido a problemas relacionais.
 

·         CONTINUIDADE E DIFERENCIAÇÃO:

1.      “A satisfação das necessidades fisiológicas, o próprio fato de sua necessária repetição e apaziguamentos que ela carrega, representa um ponto de apoio (escoramento...) e de ancoragem essencial. (JEAMMET. 2000, 74)”
2.      Continuidade Relacional: o indivíduo se constrói a partir da continuidade de suas relações, onde seu EU se constitui nas respostas e trocas com as figuras dominantes de seu meio. A natureza dessas trocas é sensorial, já que a criança não é capaz ainda de representar mentalmente.
3.      Se o desenvolvimento da personalidade se apóia necessariamente em aprendizados de todos os tipos, práxicos e cognitivos, os mesmos são largamente tributários do clima emocional no qual se desenvolvem e da qualidade das relações da criança com seu meio ambiente”. E afirma que é “essa qualidade que condiciona a facilitação ou o entrave de tais aprendizados” (JEAMMET. 2000, 75)
4.      É necessário no entanto, que existam fatores de descontinuidade para que haja DIFERENCIAÇÕES “indispensáveis ao processo de autonomia progressivo da criança e à constituição da sua identidade (op.cit.75)”.

·         EIXOS DE DESENVOLVIMENTO:

1.      Relacional: é o eixo das RELAÇÕES DE OBJETO, das trocas afetivas entre o bebê e o mundo, particularmente à função materna, para depois se estender a outros objetos.
2.      Autonomia do sujeito: “é feito de tudo o que contribui para reforçar essa autonomia e assegura a diferença entre o indivíduo e os outros”. Paradoxo: “para ser eu (ter uma atitude de acordo com a sua personalidade) e tornar-se autônomo, é preciso aceitar se alimentar de trocas com os outros (op.cit. 76)”.




DAS PRIMEIRAS INTERAÇÕES ENTRE A CRIANÇA E SEU AMBIENTE:
  
1.      Donald Woods WINNICOTT (pediatra e psicanalista, 1896-1971):

 “A tendência hereditária não pode agir sozinha, é o ambiente que facilita o crescimento do indivíduo durante o desenvolvimento do bebê e da criança pequena. No extremo oposto, se disséssemos que ensinamos tudo a nossos filhos, isso seria um patente absurdo. Não somos capazes sequer de ensina-los a andar, mas sua tendência inata para andar numa certa idade necessita de nós.” (1986, p. 249-50. Apud. NASIO, 1995, p. 198).

“O objeto transicional e os fenômenos transicionais trazem a todo ser humano, desde o começo, algo que será sempre importante para ele, a saber, uma área neutra de experiência que não seja contestada.” (op.cit. p. 198).
  O fundamento de uma estrutura psíquica sadia e estável deve ser relacionado, certamente, com a confiabilidade da mãe interna, mas essa própria capacidade é sustentada pelo indivíduo. É verdade que as pessoas passam a vida carregando o refletor em que se apóiam, mas, em algum lugar, no começo, tem que haver um refletor que se sustente sozinho, caso contrário, não há introjeção da confiabilidade.” (op.cit. p. 199.)
“O ser humano, em sua maturidade, não é nem tão gentil nem tão malvado quanto o imaturo. A água dentro do copo é lodosa, mas não é lama.” (op.cit. p. 199)

2.      Jeammet. Reynaud e Consoli:

“O auto-erotismo se alimenta das experiências onde a criança, nas suas trocas com a mãe, retira um prazer que pode torna-las objeto de uma interiorização.” Traços mnemônicos que serão evocados posteriormente.

 “O que vai contar para atenuar a tensão e dar à criança uma segurança interna é reencontrar os traços mnemônicos dessa experiência de satisfação (...) O auto-erotismo consiste, então, num reinvestimento intermitente dos traços mnemônicos da satisfação anterior, reinvestimento tornado independente da expressão da necessidade inicial.”

O principio prazer-desprazer é constitutivo da personalidade em seu desenvolvimento primitivo graças aos traços que se inscrevem como memória.



3. Melanie Klein: O Psiquismo Primitivo da Criança.


·        A primeira defesa imposta pelo ego está em relação com duas fontes de perigo: o próprio sadismo do sujeito e o objeto que é atacado. O objeto atacado se converte em fonte de perigo (Contribuições à Psicanálise. p.296.)
                                      
·        Identificação: surge das tentativas que faz a criança para reencontrar em todos os objetos seus próprios órgãos e funções.

·        Simbolismo: Fundamento de toda sublimação e de todo talento, uma vez que é através da equação simbólica que as coisas, as atividades e os interesses se convertem em tema de fantasias libidinosas. (op.cit p.297)

·        A relação do sujeito com o mundo externo se dá pelo simbolismo.

·        O bebe é incapaz de distinguir o ‘eu’ e o ‘não eu’; suas sensações particulares são o seu mundo, o mundo para ele; assim, quando está com frio, faminto ou solitário, para ele é como se no mundo não existisse mais leite, prazer ou bem-estar. (Amor, Ódio e Reparação p.23)

·        A capacidade de identificação com outra pessoa é o elemento mais importante nos relacionamentos humanos em geral, e também condição para autênticos e fortes sentimentos de amor. (Op.cit.p 105)

·        A mãe é a cena, o lugar dos deslocamentos do sujeito e o receptáculo de um número cada vez mais considerável de objetos.


CONDIÇÕES PARA O PROCESSO DE AUTONOMIA E DIFERENCIAÇÃO.



A qualidade das interações
Afetivas, vai constituir: 
Estabelecimento de Limites


Estabelecimento de investimentos diferenciados
- Os auto-erotismos
O proibido: não se pode fazer tudo
Percepção que se apóia na “repartição diferenciada das Funções e Atitudes”.
- as bases narcísicas
«é porque teremos sabido lhe dizer NÃO que a criança poderá dize-lo à sua volta, tomando então consciência da sua capacidade de existir por ela mesma».
No C. de Édipo, o casal parental permite à criança se situar numa genealogia e na diferença dos sexos.

Evita que a criança se confunda com o mundo adulto.
O fracasso desse sistema de representações, pode ser observado nas Psicoses e Perversões.

O amor está diretamente relacionado ao efeito da proibição.
Pais inseguros usam seus filhos “para negar sua incompletude e suprimir as diferenças, no detrimento do outro pai”.