quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Psicologia Médica: introdução e caracterização.


“A psicologia médica é o braço armado da psicossomática.” Abram Eksterman.

"Ya no es posible dejar de reconocer que sólo una rutina universitaria explica que el estudiante de Medicina invierta grán numero de horas en el aprendizaje minuciozo de una anatomía que despues ha de servirle de muy poco en su práctica profesional, y que, en cambio, desconozca los más elementales datos sobre el alma del hombre".
Rob Carballo, In Patologia Psicosomatica.

"Es cierto que el estudiante debe aprender anatomia y disecar todo el cuerpo humano. Hade conocer también la fisiologia, aunque muchos detalles podían ser dejados de lado y no es imprescindible que sepa excessiva bioquímica. Pero es desastroso que, como hasta ahora ocurre, pase sus tres primeros años sin conocer la mente del hombre".
Clark-Kennedy [Cf Rob Carballo op cit. p 951].

“Por ser tecnicista e mecanicista, o modelo biomédico, ainda predominante nas escolas médicas brasileiras, valoriza apenas o que pode ser medido ou visto em imagens. Por isso a dificuldade dos médicos formados nesse modelo em valorizar os fatores emocionais e socioculturais.” Celmo C. Porto – UFG.

Breve Histórico:

  • Ernst Kretschmer (1888-1964): Medizinische Psychologie, 1922. Introduz na prática médica elementos psicológicos tais como: funções psíquicas, aparelho psíquico, instintos, temperamentos, personalidade etc, que até então não faziam parte dos estudos da formação médica. Além disso, foi o primeiro a levantar questões sobre a “identidade médica”, como sendo uma construção que se faz dentro da escola via mecanismo de de identificação.
  • S. Freud (1856-1939): Chamou a atenção para a necessidade de “escutar” o doente, e provou com sua teoria (a psicanálise) que uma situação emocional pode ser convertida em um sintoma físico, impulsionando deste modo, a criação da “medicina psicossomática” por G. Groodeck e F. Alexander.
  • M. Balint (1896-1970): Com o livro “O médico, seu paciente e a doença”, de 1954, ele inaugura no campo acadêmico a discussão sobre a relação médico-paciente entendida como mola mestra do processo de tratamento.
  • No Brasil, Darcy de M. Uchoa (Psicologia Médica) e D. Perestrello (Medicina da Pessoa) foram os primeiros a empregar os construtos psicanalíticos na prática médica, para além de seu emprego em psiquiatria.
  • Em 1995, no I Encontro Nacional dos Professores de Psicologia Médica do Brasil, chegou-se a um consenso de que o ensino dessa disciplina deve passar obrigatoriamente por três temas centrais: a constituição do sujeito, a relação médico-paciente e a concepção psicossomática.

1. Definição: Estudo das relações assistenciais
2. Objetivo: Prevenção da iatropatogenia
3. Foco da Intervenção: Irracionalidade aberta pela crise biológica no paciente, na equipe e na família. Observar a Psicodinâmica das expressões corporais, das relações assistenciais e das relações sociais relacionadas ao campo terapêutico.
4. Metodologia: História da Pessoa (circunstâncias do adoecimento, biografia espontânea do doente e compreensão da relação médico-paciente).

5. Objetivos:
Ø   Organizar a relação terapêutica
Ø   Diminuir o stress hospitalar
Ø   Diminuir alguns conflitos emergentes
Ø   Elaboração de algumas experiências existenciais emergentes
Ø   Estimular o desenvolvimento do ego

6. A História da Pessoa:
Ø  Relato biográfico espontâneo
Individualiza o doente e não a patologia

Ø  Circunstâncias do adoecimento
Para evitar a repetição das circunstâncias mórbidas no
relacionamento assistencial

Ø  Compreensão das relações assistenciais
Para uma aliança terapêutica criteriosa e harmoniosa

7. Impregnação Irracional do Campo Assistencial – o doente:
Ø  a) A doença expressa-se com sintomas deformados e exagerados. As correlações com o quadro mórbido físico parecem absurdas e incompatíveis.

Ø  b) O doente exclui a realidade objetiva e está fixado nos sintomas. Todo seu contato com o mundo realiza-se através deles.

Ø  c) O doente vive a relação com a equipe de maneira regressiva.

8. Impregnação Irracional do Campo Assistencial – a equipe:
Situações que induzem a iatropatogenia:
Ø  Elaboração da experiência infantil dentro do campo
terapêutico
Ø  História do doente mal compreendida pelo médico
Ø  Necessidades masoquistas do doente
Ø  Composição sado-masoquista médico-paciente
Ø  Reação terapêutica negativa
Ø  Utilização da ação médica para objetivos mórbidos
inconscientes
Ø  Sentimentos inconscientes de culpa

9. Principais tensões assistenciais

1- Tensões regressivas
2- Tensões de aniquilamento (medo de morrer e desorganização do ego)
3- Tensões diante do sofrimento e desamparo
4- Tensões diante das limitações profissionais

10. Algumas Aplicações

Ø  Pediatria (doenças crônicas/atitudes da mãe/etc)
Ø  Geriatria (Problemas Relacionais/Idade/cuidados especiais)
Ø  Obesidade (sentimentos de mal-estar e culpa/ repulsa-piedade-desprezo)
Ø  Aids (preconceito/punição-castigo)
Ø  Cirurgia (Amputações/ Plásticas/ Medos)



Referências:
Internet: http://www.medicinapsicossomatica.com.br/
CAIXETA, Marcelo. Psicologia Médica. Rio de Janeiro: Medsi, 2005.
JEAMMET, REYNAUD e CONSOLLI. Psicologia Médica. Rio de Janeiro: Guanabara, 2000.
MELLO FILHO, Julio de. Psicossomática hoje. Porto Alegre: Artes Médicas, 1992.
BRASIL, Marco Antonio Alves et all.  Psicologia Médica: a dimensão psicossocial na prática médica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2012.



quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Um Autor Inventado: ou um poema e suas possibilidades de autoria.

Instantes – J.L. Borges?Nadine Stair? Don Herold?

"Se eu pudesse novamente viver a minha vida, 
na próxima trataria de cometer mais erros. 
Não tentaria ser tão perfeito, 
relaxaria mais, seria mais tolo do que tenho sido. 
Na verdade, bem poucas coisas levaria a sério. 
Seria menos higiênico. Correria mais riscos, 
viajaria mais, contemplaria mais entardeceres, 
subiria mais montanhas, nadaria mais rios. 
Iria a mais lugares onde nunca fui, 
tomaria mais sorvetes e menos lentilha, 
teria mais problemas reais e menos problemas imaginários. 
Eu fui uma dessas pessoas que viveu sensata 
e profundamente cada minuto de sua vida; 
claro que tive momentos de alegria. 
Mas se eu pudesse voltar a viver trataria somente 
de ter bons momentos. 
Porque se não sabem, disso é feita a vida, só de momentos; 
não percam o agora. 
Eu era um daqueles que nunca ia 
a parte alguma sem um termômetro, 
uma bolsa de água quente, um guarda-chuva e um pára-quedas e, 
se voltasse a viver, viajaria mais leve. 
Se eu pudesse voltar a viver, 
começaria a andar descalço no começo da primavera 
e continuaria assim até o fim do outono. 
Daria mais voltas na minha rua, 
contemplaria mais amanheceres e brincaria com mais crianças, 
se tivesse outra vez uma vida pela frente. 
Mas, já viram, tenho 85 anos e estou morrendo" 

Esse é o famoso poema atribuído a Borges. Mais tarde, descobriu-se (pelo menos temporariamente) ter sido escrito por Nadine Stair, uma poetisa estadunidense praticamente desconhecida nos meios literários. Seus versos ganharam o mundo, foram utilizados em comerciais de TV, estampados em canecas, camisetas e cartões. Com o advento da internet ele explodiu nos cinco continentes, e, talvez tenha sido a “mensagem de amor à vida” mais transmitida pela rede mundial de computadores em todos os tempos, o que acabou por ajudar os fãs de Borges ou aqueles leitores mais curiosos a descobrir a verdadeira autoria.
Para José Neumanne Pinto: “A autoria não resistiria a uma análise crítica criteriosa, mas seu nome foi associado à peça literária sem valor nenhum e ganhou o tom de mensagem de amor à vida. Ninguém em pleno domínio das faculdades mentais imaginaria que o mestre fosse capaz de versos cafonas como: “Se pudesse voltar a viver / começaria a andar descalco no começo da primavera”. Talvez o próprio Borges risse, se recebesse um cartão de Natal com o pobre poema que algum anônimo associou a seu nome, então já uma grife.

Certa feita, na livraria de Alfonso Guerra em Sevilha, uma mulher confessou a María Kodama (viúva de Borges) sua admiração por estes versos, sua identificação com o conteúdo. A resposta de Kodama foi devastadora: "Si Borges hubiera escrito eso yo habría dejado de estar enamorada de él en ese momento". "El poema, sin ningún valor literario" escreveu Kodama, "desvirtúa el mensaje de la obra de Borges. Amparándose en una firma famosa, se intenta transmitir un sentido de la vida completamente materialista, sin ninguna busca de perfección espiritual ni inquietud intelectual".

A poeta e pesquisadora Betty Vidigal, em artigo para o Jornal de poesia, apresenta o poema em seu idioma original (inglês) e mais uma revelação: o tal “Instantes” não poderia ter sido escrito por Nadine Stair porque não existe nenhuma escritora com esse nome no local ou época indicados. O autor seria Don Herold (1889-1966), escritor e humorista estadunidense que assim publicou seu poema, intitulado “Daisies”, em outubro de 1953:

“Of course, you can't unfry an egg, but there is no law against thinking about it. If I had my life to live over again, I'd try to make more mistakes next time. I would relax. I would limber up. I would be sillier than I have been this trip. I know of very few things I would take seriously. / I would be crazier. I would be less hygienic. I would take more chances. I would take more trips. I would climb more mountains, swim more rivers, and watch more sunsets. / I would burn more gasoline. I would eat more ice cream and fewer beans. I would have more actual problems and fewer imaginary ones. / You see, I am one of those people who live prophylactically and sensibly and sanely. Hour after hour. Day by Day. / Oh, I have had my moments, and if I had it to do over again, I'd have more of them. In fact, I'd having nothing else. Just moments, one right after another instead of living so many years ahead of each day. / I have been one of those people who never go anywhere without a thermometer, a hot water bottle, a gargle, a rain coat, and a parachute. / If I had it to do over again, I would go places and do things and travel lighter than I have. If I had my life to live over, I would start barefoot earlier in the spring and stay that way later in the fall. / I would play hockey more often. I would ride more merry-go-rounds. I'd pick more daisies.

Introdução à Psicologia

DEFINIÇÃO DE PSICOLOGIA

Psicologia (do grego Ψυχολογία, transl. psykhologuía, de ψυχή, psykhé, "psique", "alma", "mente" e λόγος, lógos, "palavra", "razão" ou "estudo") "é a ciência que estuda o comportamento (tudo o que organismo faz) e os processos mentais (experiências subjetivas inferidas através do comportamento)".
O principal foco da psicologia se encontra no indivíduo, em geral humano, mas o estudo do comportamento animal para fins de pesquisa e correlação, na área da psicologia comparada, também desempenha um papel importante.
  • CIÊNCIA QUE ESTUDA O COMPORTAMENTO DOS SERES ANIMADOS.
  • ESTUDO CIENTÍFICO DO COMPORTAMENTO: 1. Eventos Internos. e 2. Eventos Externos.
  • No Século XVIII (1734), CRISTIAN WOLFF emprega pela primeira vez o termo Psicologia.
Áreas de atuação/estudo/pesquisa
Experimental.
Do Esporte
Do Desenvolvimento.
Da personalidade.
Social.
Educacional.
Organizacional.
Clínica.
Hospitalar (ou da Saúde)
Forense.

A CONTRIBUIÇÃO DA FILOSOFIA

Sócrates (470-399)
Ironia e Maiêutica.
Conhece-te a ti mesmo.
O verdadeiro conhecimento vem de dentro.

Platão (427-347)
¨Mundo das Idéias X Mundo dos Sentidos.
¨A alma existe antes de vir habitar o corpo.
¨Eros: desejo de voltar à verdadeira morada da alma.

Aristóteles (384-322)
¨Objeto geral da psicologia aristotélica é o mundo animado, isto é, vivente, que tem por princípio a alma e se distingue essencialmente do mundo inorgânico, pois, o ser vivo diversamente do ser inorgânico possui internamente o princípio da sua atividade, que é precisamente a alma, forma do corpo.
¨O que caracteriza a alma humana é a racionalidade, a inteligência, o pensamento, pelo que ela é espírito.

Agostinho de Hipona (354-430)
Agostinho, inspirado no neoplatonismo de Plotino, valoriza a autonomia da alma não como algo reencarnado, mas como dádiva do criador. Essa alma teria uma função vitalizante, sensitiva e cognoscente e seria capaz, enquanto consciência imediata, de apreender a si mesma.
Deu muita importância ao conhecimento de si mesmo com o argumento de que somente a alma era capaz de conhecer a própria alma.
No entanto, a maior dificuldade da alma era obedecer a si mesma. Esta obediência só era possível através da graça de Deus. O conhecimento de si mesmo através da memória foi definido como sendo constituído de uma realidade temporal e não espacial. Desta forma, entendia a vida interior como uma experiência temporal.

Tomás de Aquino (1225-1274)
Seu trabalho busca a conciliação entre a filosofia naturalista de Aristóteles e a Teologia Cristã de Agostinho. Aquino conceitua a alma como imaterial, unida ao corpo sem intermediário e permanentemente orientada para o mundo natural.
Uma contribuição de Aquino que será muito importante para psicologias que irão surgir no século XIX, trata-se do conceito de Intentio termo emprestado de Avicena que quer dizer alcançar ou dirigir a mente para. Aquino entendia que o conhecimento consiste na concordância da forma do objeto com a forma da mente. Formula-se, assim o conceito de intencionalidade ou referência. Na prática quer dizer que o intelecto conhece a si mesmo não pela sua essência mas pelo seus atos.

PRINCIPAIS ESCOLAS EM PSICOLOGIA

1. O ESTRUTURALISMO
W. WUNDT (1832-1920) e E.B. TITCHENER (1867 – 1927)
«Em psicologia, verificamos que somente aqueles fenômenos mentais que são diretamente acessíveis às influências físicas podem se tornar objeto de experimento» (Wundt,1894).


2. O FUNCIONALISMO
Edward Lee Thorndike (1874 - 1949)
●Coloca em cheque qualquer possibilidade de uma psicologia estruturada em elementos
mentais. O aspecto estrutural do psiquismo deve ser buscado não nos seus supostos
elementos, mas nas funções, atos ou processos mentais. A psicologia deve reconhecer
em sua analise estrutural não os elementos como sensações, sentimentos, mas atos
como julgar, perceber, recordar. Para Angell a psicologia se torna mais funcional do que
a biologia, pois não apenas o funcional precede e produz o estrutural, como também
ambos representam duas faces de um mesmo fato.
Os psicólogos funcionalistas definem a psicologia como uma ciência biológica
interessada em estudar os processos, operações e atos psíquicos (mentais) como
formas de interação adaptativa. Partem do pressuposto da biologia evolutiva, segundo o
qual os seres vivos sobrevivem se têm as características orgânicas e comportamentais
adequadas a sua adaptação ao ambiente.
●Representantes: Escola de Chicago com Dewey, Angell e Carr e a de Columbia com
Thorndike e Woodworth.

Fonte: Funcionalismo - História da Psicologia - Psicologia Geral - Psicologado
ArtigosFonte: Funcionalismo - História da Psicologia - Psicologia Geral - Psicologado
Artigos http://artigos.psicologado.com/psicologia-geral/historia-dapsicologia/
funcionalismo#ixzz1mYJJa8rp


3. O BEHAVIORISMO

JOHN B. WATSON (1878-1958)
Enfatizou a importância dos eventos ambientais.
Rejeitou todos os aspectos do indivíduo que não pudessem ser observados externa e objetivamente.
Afirmava que todo comportamento pode ser compreendido como um resultado de condicionamentos.
Condicionamento Operante
B.F. SKINNER (1904 -1990)
Reação e Reforço.
O estímulo que causa a reação não precisa ser identificado, necessita apenas operar no ambiente, de tal maneira que produza um reforço.
Quando ocorrer uma reação, reforce-a e o sujeito tenderá a reagir de novo da mesma maneira.

O Condicionamento Clássico
IVAN PAVLOV ( 1849-1936)
«Pavlov notou que após alguns experimentos, um cão salivaria ao ver o experimentador. Após vários experimentos adicionais, o cão começou a salivar ao som de um diapasão, de uma luz que se acendia ou ao tocar de uma sineta. Pavlov chamou a isso de reflexo psíquico».


4. O GESTALTISMO
WOLFGANG KOHLER (1887-1967), Max Wertheimer (1880-1943) e KURT KOFKA (1886-1941).

O objetivo desta escola foi determinar os princípios que determinam e organizam a nossa percepção, ou seja o modo como estruturamos a realidade.
O todo é mais que a soma das partes que o constituem
A forma é a melhor possível nas condições presentes (princípio da boa forma ou pregnância)
São estes princípios que permitem afirmar que, em condições iguais, os estímulos que formam uma boa figura terão tendência a serem agrupados.
Com o objetivo de demonstrar a importância da organização da informação num todo foram produzidas imagens que podem ser interpretadas de diferentes modos.

Leis da Gestalt
PROXIMIDADE: Os elementos são agrupados de acordo com a distância a que se
encontram uns dos outros. Logicamente, elementos que estão mais perto de outros numa
região tendem a ser percebidos como um grupo, mais do que se estiverem distante de seus
similares.
SEMELHANÇA: Eventos semelhantes se agruparão entre si. Essa semelhança se dá por
intensidade, cor, odor, peso, tamanho, forma etc. e se dá em igualdade de condições.
CONTINUIDADE: Há uma tendência de a nossa percepção seguir uma direção para
conectar os elementos de modo que eles pareçam contínuos ou fluir em uma direção
específica.
PREGNÂNCIA: A mais importante de todas, possivelmente, ou pelo menos a mais sintética.
Diz que todas as formas tendem a ser percebidas em seu caráter mais simples. É o princípio
da simplificação natural da percepção. Quanto mais simples, mais facilmente é assimilada.
EXPERIÊNCIA PASSADA: Esta se relaciona com o pensamento pré-Gestáltico, que via
nas associações o processo fundamental da percepção da forma. A associação aqui, sim, é
imprescindível, pois certas formas só podem ser compreendidas se já a conhecermos, ou se
tivermos consciência prévia de sua existência. Da mesma forma, a experiência passada
favorece a compreensão metonímica: se já tivermos visto a forma inteira de um elemento, ao
visualizarmos somente uma parte dele reproduziremos esta forma inteira na memória.
CLAUSURA: Ou “fechamento”, o princípio de que a boa forma se completa, se fecha sobre
si mesma, formando uma figura delimitada. O conceito de clausura relaciona-se ao
fechamento visual, como se completássemos visualmente um objeto incompleto.

Fonte: Gestalt - Leis da Gestalt - Humanismo - Abordagens - Psicologado ArtigosFonte:
Gestalt - Leis da Gestalt - Humanismo - Abordagens - Psicologado Artigos http://artigos.
psicologado.com/abordagens/humanismo/gestalt-leis-da-gestalt#ixzz1mYOeCIVh

5. PSICANÁLISE
S. Freud (1856-1939), M. Klein (1882-1960) e Jacques Lacan (1901-1981).

Psicanálise é um campo clínico e de investigação teórica da psique humana independente da psicologia, embora também inserido nesta, desenvolvido por Sigmund Freud, médico austríaco, que se propõe à compreensão e análise do homem, compreendido enquanto sujeito do inconsciente e abrange três áreas:
  1. um método de investigação da mente e seu funcionamento;
  2. um sistema teórico sobre a vivência e o comportamento humano;
  3. um método de tratamento psicoterapêutico.
Essencialmente é, assim, uma teoria da personalidade e um procedimento de psicoterapia; a psicanálise, contudo, influenciou muitas outras correntes de pensamento e disciplinas das diversas ciências humanas, gerando uma base teórica para uma forma de compreensão da ética, da moralidade e da cultura humana.
Importante ainda é observar que em linguagem comum, o termo psicanálise é muitas vezes usado como sinônimo de psicoterapia ou mesmo de psicologia. Em linguagem mais própria, no entanto, psicologia refere-se à ciência que estuda o comportamento e os processos mentais, psicoterapia ao uso clínico do conhecimento obtido por ela - ou seja, ao trabalho terapêutico baseado no corpo teórico da psicologia como um todo - e psicanálise refere-se à forma de psicoterapia baseada nas teorias oriundas do trabalho de Sigmund Freud; psicanálise é, assim, um termo mais específico, sendo uma entre muitas outras formas de psicoterapia.


quinta-feira, 2 de agosto de 2012

INTRODUÇÃO A PSICANÁLISE (PARTE 2)


O COMPLEXO DE ÉDIPO

          Inspirado pela lenda grega, Oedipus Rex, de Sófocles, Freud descobriu o Complexo de Édipo durante sua auto-análise.
          O Complexo de Édipo (3-5 anos de idade) é uma peculiar constelação de desejos amorosos e hostis que a criança vivencia em relação aos seus pais no pico da fase fálica.
          Em sua forma positiva, o rival é o genitor do mesmo sexo e a criança deseja uma união com o genitor do sexo oposto.
          Em sua forma negativa, o rival é o genitor do sexo oposto, enquanto que o genitor do mesmo sexo é o objeto de amor.
          Em sua forma completa, num nível inconsciente, ambas as formas coexistem devido à ambivalência da criança e sua necessidade de proteção. A relação dialética entre ambas as formas vai determinar se o desejo humano seguirá uma orientação homo ou heterossexual.
          Nessa estrutura triangular a interação entre os desejos inconscientes dos pais e as pulsões da criança desempenha papel fundamental na constituição do cenário edípico.
          A proibição contra o incesto é uma lei universal nas mais variadas culturas. O destino de Hamlet mostra que mesmo um triunfo edipiano disfarçado pode tornar-se uma sombra ameaçadora, devido à trágica "gratificação" de seu desejo inconsciente.
          Em "A Dissolução do Complexo de Édipo" (1924d) Freud diz: Quando o ego não conseguiu provocar mais do que um recalcamento do complexo, este permanece no id no estado inconsciente; mais tarde irá manifestar sua ação patogênica."[ES, XIX, CDROM]
          O declínio do complexo de Édipo e a entrada no período de latência estão relacionados à ameaça de castração (meninos) e ao desejo de ter um bebê (meninas). A resolução do complexo, após a puberdade, é possível através da escolha de um substituto adequado para o objeto de amor.
          O Complexo de Édipo mantém sua função de um organizador inconsciente durante toda a vida e forma um elo indissolúvel entre o Desejo e a Lei.

O COMPLEXO DE CASTRAÇÃO

 É uma experiência psíquica completa, inconscientemente vivida pela criança, e decisiva para a assunção de sua futura identidade sexual.
1º TEMPO (MENINOS)
a. todo mundo tem um pênis – é isso que garante a experiência psíquica da castração.
 b. A descoberta de um ser que não possui esse atributo, abre caminho para a angústia.
2º TEMPO
  1. O pênis é ameaçado verbalmente – proibição as suas práticas auto-eróticas e suas fantasias incestuosas.
3º TEMPO
  1. Existem seres sem pênis, logo, a ameaça é real – Angústia.
  2. A criança resiste a idéia da falta de pênis na mulher.
4º TEMPO
       a. A mãe também é castrada – Angústia de castração.
TEMPO FINAL
       a. Aceita a lei da proibição para salvar seu pênis – renuncia a mãe.

1º TEMPO (MENINAS)
       a. Todo mundo tem um pênis – clitóris=pênis.
2º TEMPO
       a. A visão do pênis a obriga a admitir definitivamente que não possui o pênis, mas deseja tê-lo – inveja do pênis.
3º TEMPO
       a. Toma consciência que outras mulheres, inclusive a mãe, também não possuem.
       b. Ressurgimento do ódio pela mãe – escolha do pai como objeto de amor.
TEMPO FINAL
Três saídas do Complexo
  1. Desviar-se de toda sexualidade – Não inveja.
  2. Vontade de ser dotada do pênis – Homossexualidade.
  3. Vontade de ter substitutos do pênis – Mudança do objeto amado PAI, da zona erógena VAGINA e do objeto desejado FILHO. 

Aparelho Psíquico: Modelo Topográfico

          Nesse modelo tópico, o aparelho psíquico é composto por três sistemas: o inconsciente (Ics), o pré-consciente (Pcs) e o consciente (Cs).
          O sistema consciente tem a função de receber informações provenientes das excitações provenientes do exterior e do interior, que ficam registradas qualitativamente de acordo com o prazer e/ou, desprazer que elas causam, porém ele não retém esses registros e representações como depósito ou arquivo deles. Assim, a maior parte das funções perceptivo-cognitivas-motoras do ego – como as de percepção, pensamento, juízo crítico, evocação, antecipação, atividade motora, etc., processam-se no sistema consciente, embora esse funcione intimamente conjugado com o sistema Inconsciente, com o qual quase sempre está em oposição.
          O sistema pré-consciente foi concebido como articulado com o consciente e, tal como sugere no “Projeto”, onde ele aparece esboçado com o nome de “barreira de contato”, funciona como uma espécie de peneira que seleciona aquilo que pode, ou não, passar para o consciente.
Ademais, o pré-consciente também funciona como um pequeno arquivo de registros, cabendo-lhe sediar a fundamental função de conter as representações de palavra.
          O sistema inconsciente designa a parte mais arcaica do aparelho psíquico. Por herança genética, existem pulsões, acrescidas das respectivas energias e “protofantasias”, como Freud denominava as possíveis fantasias atávicas que também são conhecidas por “fantasias primitivas, primárias ou originais”. As pulsões estão reprimidas sob a forma de repressão primária ou de repressão secundária.
características essenciais do inconsciente como sistema (ou Ics):
    a) Os seus “conteúdos” são “representantes” das pulsões.
    b) Estes “conteúdos” são regidos pelos mecanismos específicos do processo primário, principalmente a condensação e o deslocamento.
    c) Fortemente investidos pela energia pulsional, procuram retornar à consciência e à ação (retorno do recalcado); mas só podem ter acesso ao sistema Pcs-Cs nas formações de compromisso, depois de terem sido submetidos às deformações da censura.
    d) São, mais especialmente, desejos da infância que conhecem uma fixação no inconsciente.

Aparelho Psíquico: Modelo Estrutural

O ID
          O Id contém tudo o que é herdado, que se acha presente no nascimento e está presente na constituição, acima de tudo os instintos que se originam da organização somática e encontram expressão psíquica sob formas que nos são desconhecidas (1940, livro 7, pp. 17-18 na ed. bras.). O Id é a estrutura da personalidade original, básica e central do ser humano, exposta tanto às exigências somáticas do corpo às exigências do ego e do superego. 
          As leis lógicas do pensamento não se aplicam ao Id, havendo assim, impulsos contrários lado a lado, sem que um anule o outro, ou sem que um diminua o outro (1933, livro 28, p. 94 na ed. bras.). O Id seria o reservatório de energia de toda a personalidade.
          O Id pode ser associado a um cavalo cuja força é total, mas que depende do cavaleiro para usar de modo adequado essa força. Os conteúdos do Id são quase todos inconscientes, eles incluem configurações mentais que nunca se tornaram conscientes, assim como o material que foi considerado inaceitável pela consciência. Um pensamento ou uma lembrança, excluído da consciência mas localizado na área do Id, será capaz de influenciar toda vida mental de uma pessoa.

O EGO
          O Ego é a parte do aparelho psíquico que está em contato com a realidade externa. O Ego se desenvolve a partir do Id, à medida que a pessoa vai tomando consciência de sua própria identidade, vai aprendendo a aplacar as constantes exigências do Id. Como a casca de uma árvore, o Ego protege o Id, mas extrai dele a energia suficiente para suas realizações. Ele tem a tarefa de garantir a saúde, segurança e sanidade da personalidade.
          Uma das características principais do Ego é estabelecer a conexão entre a percepção sensorial e a ação muscular, ou seja, comandar o movimento voluntário. Ele tem a tarefa de auto-preservação. Com referência aos acontecimentos externos, o Ego desempenha sua função dando conta dos estímulos externos, armazenando experiências sobre eles na memória, evitando o excesso de estímulos internos (mediante a fuga), lidando com estímulos moderados (através da adaptação) e aprendendo, através da atividade, a produzir modificações convenientes no mundo externo em seu próprio benefício.
          Com referência aos acontecimentos internos, ou seja, em relação ao Id, o Ego desempenha a missão de obter controle sobre as exigências dos instintos, decidindo se elas devem ou não ser satisfeitas, adiando essa satisfação para ocasiões e circunstâncias mais favoráveis ou suprimindo inteiramente essas excitações. O Ego considera as tensões produzidas pelos estímulos, coordena e conduz estas tensões adequadamente. A elevação dessas tensões é, em geral, sentida como desprazer e o sua redução como prazer. O ego se esforça pelo prazer e busca evitar o desprazer (1940, no. 7, pp. 18-19 na cd. bras.).

O SUPEREGO
          Esta última estrutura da personalidade se desenvolve a partir do Ego. O Superego atua como um juiz ou censor sobre as atividades e pensamentos do Ego, é o depósito dos códigos morais, modelos de conduta e dos parâmetros que constituem as inibições da personalidade. Freud descreve três funções do Superego: consciência, auto-observação e formação de ideais.
          Enquanto consciência pessoal, o Superego age tanto para restringir, proibir ou julgar a atividade consciente, porém, ele também pode agir inconscientemente. As restrições inconscientes são indiretas e podem aparecer sob a forma de compulsões ou proibições.
          O Superego tem a capacidade de avaliar as atividades da pessoa, ou seja, da auto-observação, independentemente das pulsões do Id para tensão-redução e independentemente do Ego, que também está envolvido na satisfação das necessidades. A formação de ideais do Superego está ligada a seu próprio desenvolvimento. O Superego de uma criança é, com efeito, construído segundo o modelo não de seus pais, mas do Superego de seus pais; os conteúdos que ele encerra são os mesmos e torna-se veículo da tradição e de todos os duradouros julgamentos de valores que dessa forma se transmitiram de geração em geração (1933, livro 28, p. 87 na ed. bras.).