quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

OLAVO BILAC

Mais um ano que se vai... E, mais uma chance de recomeço para nós que precisamos de ciclos para marcar o tempo, como se todo dia não fosse um ano novo.
Mas, deixemos isso para lá e nos despeçamos de 2009 com essa jóia de Bilac a metaforizar a obediência ao clamor do desejo - apesar do supereu , ou dos moralistas se preferir.
Feliz 2010!

Delírio

Nua, mas para o amor não cabe o pejo
Na minha a sua boca eu comprimia.
E, em frêmitos carnais, ela dizia:
– Mais abaixo, meu bem, quero o teu beijo!

Na inconsciência bruta do meu desejo
Fremente, a minha boca obedecia,
E os seus seios, tão rígidos mordia,
Fazendo-a arrepiar em doce arpejo.

Em suspiros de gozos infinitos
Disse-me ela, ainda quase em grito:
– Mais abaixo, meu bem! – num frenesi.

No seu ventre pousei a minha boca,
– Mais abaixo, meu bem! – disse ela, louca,
Moralistas, perdoai! Obedeci....

Olavo Bilac
(1865-1918)