terça-feira, 13 de novembro de 2012

Tanatologia

 

·         Seminário Teológico de Chicago (1965): Dra. Elisabeth Kluber-Ross (1926-2004).

·         Para o ics a morte: 1. Nunca é possível quando se trata de nós mesmos; e, 2. Está ligada a uma ação má (castigo), não há morte natural.

·         Por ser um tabu em nossa cultura, a morte é negada, ao ponto de se contarem inúmeras mentiras às crianças com o intuito de protegê-las, mas de que?

·         Paciente gravemente enfermo: alguém sem direito a opinar.

·         Defesas psicológicas para tentar dominar a morte: Desafios, Fixação em jornalismo mórbido, Guerras (confirmam a crença em nossa imortalidade).

·         Os médicos ficam extremamente ansiosos diante da possibilidade da morte dos pacientes, e, tentam dessa forma, “salvá-los” custe o que custar. Será válido esse esforço?

·         Objetivo da Intervenção Terapêutica: ajudar o paciente a morrer, tentand ajudá-lo a viver, em vez de deixar que vegetem de forma desumana.

·         Como falar ao paciente sobre a realidade e gravidade de sua doença?

a)      Comunicar ao pc que nem tudo está perdido, que não irá abandoná-lo por causa de um diagnóstico.

b)      Especificar o número de meses ou anos de vida é a pior conduta a ser adotada.

c)      Um profissional de saúde “compreensivo e cauteloso pode comunicar a seu pc que é melhor pôr em ordem suas coisas enquanto dispõe de tempo e força” p. 35.

d)     Se não somos capazes de encarar a morte com serenidade não poderemos ajudar nossos pcs.

e)      Os pcs fingem não saber quando os médicos e parentes são incapazes de revelar seu verdadeiro estado de saúde.

f)       “Quanto mais simples o modo de dar a notícia, mais fácil é para o pc ponderar depois, se não quiser ouvi-la no momento” p. 41.

 

Estágios Vivenciados pelos Pacientes Terminais


 

1.      Negação e Isolamento:

 

·         “Funciona como um pára-choque depois de notícias inesperadas e chocantes, deixando que o pc se recupere com o tempo, mobilizando outras medidas menos radicais” p.44.

·         É uma defesa temporária sendo substituída por uma aceitação parcial.

·         É mais freqüente no começo de uma doença séria; no final, o mais comum é o pc lançar mão do isolamento.

·         Devemos respeitar ao máximo o desejo do pc de não aceitar a doença.

·         Pacientes  que não possuem formação religiosa sólida têm mais dificuldades em aceitar a morte, e sem um acompanhamento mais próximo, podem psicotizar ou tentar suicídio.

 

2.      Raiva:

 

·         Quando não é mais possível manter firme o primeiro estágio, ele é substituído por sentimentos de raiva, de revolta, de inveja e de ressentimento. (...) Por que eu?

·         É um estágio difícil, pois a raiva se propaga em várias direções e é projetada no ambiente: profissionais de saúde, amigos e familiares.

·         Todas as outras pessoas nos lembram de nossa incapacidade, limitação e projetos desfeitos.

·         Um pc que é respeitado e compreendido, a quem são dispensados tempo e atenção, diminuirá suas exigências irascíveis.

·         Um tipo de pc problemático é aquele acostumado a controlar tudo.

 

3.      Barganha:

 

·         É uma tentativa de acordo – com Deus – para adiar o desfecho inevitável.

·         Inclui: um prêmio oferecido (bom comportamento), estabelece uma meta auto-imposta (o casamento de um filho etc.), e, uma promessa implícita de que ele não pedirá outro adiamento caso o primeiro seja concedido.

·         Alguns tipos de promessas: “Uma vida dedicada a Deus”, “uma vida a serviço da igreja” etc. tais promessas podem estar associadas a uma culpa inconsciente.

·         O profissional de saúde deve ajudar o pc a se sentir aliviado de “temores irracionais ou do desejo de punição causado por culpa excessiva, que as novas barganhas e as promessas não cumpridas haviam imposto, quando a meta escolhida já fora superada” p.90.

 

4.      Depressão:

 

·         Fatores de depressão: 1. Não poder esconder a doença; 2. Perda da imagem; 3. Perda do emprego ou de funções que conferem utilidade; 4. Mães que têm de deixar seus filhos aos cuidados de outrem etc.

·         Dois tipos de depressão: Reativa e Preparatória.

·         Dois tipos de tratamento: no primeiro caso podemos encorajar o pc a olhar o lado positivo da vida e dos acontecimentos. No segundo caso, tal atitude não tem razão de ser, pois o impediria de contemplar sua morte iminente, além do fato de que ele está prestes a perder tudo e todos a quem ama.

·         No pesar preparatório há pouca ou nenhuma necessidade de palavras.

 

5.      Aceitação:

 

·         “Um pc que tiver tido tempo necessário (isto é, que não tiver tido uma morte súbita e inesperada) e tiver recebido alguma ajuda para superar tudo (....) atingirá um estágio em que não mais sentirá depressão nem raiva quanto a seu ‘destino’. Terá podido externar seus sentimentos, sua inveja pelos vivos e sadios e sua raiva por aqueles que não são obrigados a enfrentar a morte tão cedo. Terá lamentado a perda iminente de pessoas e lugares queridos e contemplará seu fim próximo com um certo grau de tranqüila expectativa” p. 117.

·         “Não se confunda aceitação com um estágio de felicidade. É quase uma fuga de sentimentos. É como se a dor tivesse esvanecido, a luta tivesse cessado e fosse chegado o momento do ‘repouso derradeiro antes da longa viagem’, no dizer de um paciente” p.118.

·         Na medida em que o pc, às vésperas da morte, encontra uma certa paz e aceitação, seu círculo de interesse diminui: prefere ficar só, não se interessa por notícias e problemas do mundo exterior, visitas são indesejadas, as conversas são não verbais.

·         Quanto mais o pc tenta driblar e negar a morte inevitável, mais difícil será alcançar o estágio final de aceitação com paz e dignidade.

·         “Os pacientes que melhor reagem são aqueles que foram encorajados a extravasar suas raivas, a chorar durante o pesar preparatório, a comunicar seus temores e fantasias.

·         Esse estágio leva a uma separação gradativa do mundo (decatexia). Os meios mais fáceis de atingir esse objetivo podem ser observados nos pc mais velhos, que se sentem no fim da vida e o mundo já não o interessa tanto; e, naqueles pc mais novos que tiveram tempo suficiente para se preparar para morrer.

·         Pode-se comparar esse estágio à descrição feita por Bettelheim da primeira infância: passividade e narcisismo primário.

 

6.      Esperança:

 

·         É a única coisa que persiste em todos os estágios.

·         É a sensação de que tudo deve Ter algum sentido, que pode compensar, caso suportem por mais algum tempo.

·         Os conflitos relacionados com a esperança provem de duas fontes: 1. A substituição desta pela desesperança (família e equipe hospitalar); e, 2. Angústia proveniente da incapacidade da família para aceitar o estágio final do pc.

·         Desistir de um pc pode fazer com que ele se entregue.

·         Evitar tocar no assunto – doença, morte – é muito mais prejudicial do que sentar à cabeceira, ouvir e compartilhar.

·         Devemos ajudar o pc e sua família a entrarem em sintonia com suas necessidades recíprocas e chegarem juntos a uma aceitação de uma realidade inexorável.

 

A Família do Paciente


 

·         As reações dos familiares contribuem para a própria reação do pc. A doença grave de um marido ou esposa provoca mudanças radicais no lar que obrigarão o outro cônjuge a se adaptar.

·         Os familiares precisam “recarregar suas baterias” fora do quarto do doente e, de vez em quando, viver uma vida normal.

·         Os pesquisadores afirmam que tanto para o pc como para a família, faz mais sentido ver que a doença não desequilibrou totalmente o lar, nem privou os familiares de momentos de lazer.

·         O moribundo pode ajudar seus familiares a encararem sua morte, participando seus pensamentos e sentimentos com eles.

·         “A culpa talvez seja a companheira mais dolorosa da morte. Quando uma doença é diagnosticada como potencialmente fatal, não é raro os familiares se perguntarem se devem se culpar por isto. ‘Se ao menos o tivesse mandado antes a um médico’” p.167.

·         Quase sempre os parentes se culpam devido a ressentimentos verdadeiros para com o falecido.

·         Uma alta percentagem de viúvos e viúvas apresentam sintomas somáticos resultantes da incapacidade de superar os sentimentos de culpa e pesar.

·         Os membros da família, semelhantes ao pc, experimentam diferentes estágios de adaptação: Negam (diagnóstico errado, clínicas e médicos famosos, curandeiros), sentem raiva, buscam barganhar (votos e promessas), deprimem e mantêm a esperança num milagre.

·         A ajuda mais significativa que podemos dar aos parentes é  partilhar seus sentimentos antes que a morte chegue, deixando que enfrente estes sentimentos, racionais ou não.

 

 

 

Bibliografia:

 

KLUBER-ROSS, Elisabeth. Sobre a morte e o morrer. 8ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 1998.