quinta-feira, 2 de agosto de 2012

INTRODUÇÃO A PSICANÁLISE (PARTE 2)


O COMPLEXO DE ÉDIPO

          Inspirado pela lenda grega, Oedipus Rex, de Sófocles, Freud descobriu o Complexo de Édipo durante sua auto-análise.
          O Complexo de Édipo (3-5 anos de idade) é uma peculiar constelação de desejos amorosos e hostis que a criança vivencia em relação aos seus pais no pico da fase fálica.
          Em sua forma positiva, o rival é o genitor do mesmo sexo e a criança deseja uma união com o genitor do sexo oposto.
          Em sua forma negativa, o rival é o genitor do sexo oposto, enquanto que o genitor do mesmo sexo é o objeto de amor.
          Em sua forma completa, num nível inconsciente, ambas as formas coexistem devido à ambivalência da criança e sua necessidade de proteção. A relação dialética entre ambas as formas vai determinar se o desejo humano seguirá uma orientação homo ou heterossexual.
          Nessa estrutura triangular a interação entre os desejos inconscientes dos pais e as pulsões da criança desempenha papel fundamental na constituição do cenário edípico.
          A proibição contra o incesto é uma lei universal nas mais variadas culturas. O destino de Hamlet mostra que mesmo um triunfo edipiano disfarçado pode tornar-se uma sombra ameaçadora, devido à trágica "gratificação" de seu desejo inconsciente.
          Em "A Dissolução do Complexo de Édipo" (1924d) Freud diz: Quando o ego não conseguiu provocar mais do que um recalcamento do complexo, este permanece no id no estado inconsciente; mais tarde irá manifestar sua ação patogênica."[ES, XIX, CDROM]
          O declínio do complexo de Édipo e a entrada no período de latência estão relacionados à ameaça de castração (meninos) e ao desejo de ter um bebê (meninas). A resolução do complexo, após a puberdade, é possível através da escolha de um substituto adequado para o objeto de amor.
          O Complexo de Édipo mantém sua função de um organizador inconsciente durante toda a vida e forma um elo indissolúvel entre o Desejo e a Lei.

O COMPLEXO DE CASTRAÇÃO

 É uma experiência psíquica completa, inconscientemente vivida pela criança, e decisiva para a assunção de sua futura identidade sexual.
1º TEMPO (MENINOS)
a. todo mundo tem um pênis – é isso que garante a experiência psíquica da castração.
 b. A descoberta de um ser que não possui esse atributo, abre caminho para a angústia.
2º TEMPO
  1. O pênis é ameaçado verbalmente – proibição as suas práticas auto-eróticas e suas fantasias incestuosas.
3º TEMPO
  1. Existem seres sem pênis, logo, a ameaça é real – Angústia.
  2. A criança resiste a idéia da falta de pênis na mulher.
4º TEMPO
       a. A mãe também é castrada – Angústia de castração.
TEMPO FINAL
       a. Aceita a lei da proibição para salvar seu pênis – renuncia a mãe.

1º TEMPO (MENINAS)
       a. Todo mundo tem um pênis – clitóris=pênis.
2º TEMPO
       a. A visão do pênis a obriga a admitir definitivamente que não possui o pênis, mas deseja tê-lo – inveja do pênis.
3º TEMPO
       a. Toma consciência que outras mulheres, inclusive a mãe, também não possuem.
       b. Ressurgimento do ódio pela mãe – escolha do pai como objeto de amor.
TEMPO FINAL
Três saídas do Complexo
  1. Desviar-se de toda sexualidade – Não inveja.
  2. Vontade de ser dotada do pênis – Homossexualidade.
  3. Vontade de ter substitutos do pênis – Mudança do objeto amado PAI, da zona erógena VAGINA e do objeto desejado FILHO. 

Aparelho Psíquico: Modelo Topográfico

          Nesse modelo tópico, o aparelho psíquico é composto por três sistemas: o inconsciente (Ics), o pré-consciente (Pcs) e o consciente (Cs).
          O sistema consciente tem a função de receber informações provenientes das excitações provenientes do exterior e do interior, que ficam registradas qualitativamente de acordo com o prazer e/ou, desprazer que elas causam, porém ele não retém esses registros e representações como depósito ou arquivo deles. Assim, a maior parte das funções perceptivo-cognitivas-motoras do ego – como as de percepção, pensamento, juízo crítico, evocação, antecipação, atividade motora, etc., processam-se no sistema consciente, embora esse funcione intimamente conjugado com o sistema Inconsciente, com o qual quase sempre está em oposição.
          O sistema pré-consciente foi concebido como articulado com o consciente e, tal como sugere no “Projeto”, onde ele aparece esboçado com o nome de “barreira de contato”, funciona como uma espécie de peneira que seleciona aquilo que pode, ou não, passar para o consciente.
Ademais, o pré-consciente também funciona como um pequeno arquivo de registros, cabendo-lhe sediar a fundamental função de conter as representações de palavra.
          O sistema inconsciente designa a parte mais arcaica do aparelho psíquico. Por herança genética, existem pulsões, acrescidas das respectivas energias e “protofantasias”, como Freud denominava as possíveis fantasias atávicas que também são conhecidas por “fantasias primitivas, primárias ou originais”. As pulsões estão reprimidas sob a forma de repressão primária ou de repressão secundária.
características essenciais do inconsciente como sistema (ou Ics):
    a) Os seus “conteúdos” são “representantes” das pulsões.
    b) Estes “conteúdos” são regidos pelos mecanismos específicos do processo primário, principalmente a condensação e o deslocamento.
    c) Fortemente investidos pela energia pulsional, procuram retornar à consciência e à ação (retorno do recalcado); mas só podem ter acesso ao sistema Pcs-Cs nas formações de compromisso, depois de terem sido submetidos às deformações da censura.
    d) São, mais especialmente, desejos da infância que conhecem uma fixação no inconsciente.

Aparelho Psíquico: Modelo Estrutural

O ID
          O Id contém tudo o que é herdado, que se acha presente no nascimento e está presente na constituição, acima de tudo os instintos que se originam da organização somática e encontram expressão psíquica sob formas que nos são desconhecidas (1940, livro 7, pp. 17-18 na ed. bras.). O Id é a estrutura da personalidade original, básica e central do ser humano, exposta tanto às exigências somáticas do corpo às exigências do ego e do superego. 
          As leis lógicas do pensamento não se aplicam ao Id, havendo assim, impulsos contrários lado a lado, sem que um anule o outro, ou sem que um diminua o outro (1933, livro 28, p. 94 na ed. bras.). O Id seria o reservatório de energia de toda a personalidade.
          O Id pode ser associado a um cavalo cuja força é total, mas que depende do cavaleiro para usar de modo adequado essa força. Os conteúdos do Id são quase todos inconscientes, eles incluem configurações mentais que nunca se tornaram conscientes, assim como o material que foi considerado inaceitável pela consciência. Um pensamento ou uma lembrança, excluído da consciência mas localizado na área do Id, será capaz de influenciar toda vida mental de uma pessoa.

O EGO
          O Ego é a parte do aparelho psíquico que está em contato com a realidade externa. O Ego se desenvolve a partir do Id, à medida que a pessoa vai tomando consciência de sua própria identidade, vai aprendendo a aplacar as constantes exigências do Id. Como a casca de uma árvore, o Ego protege o Id, mas extrai dele a energia suficiente para suas realizações. Ele tem a tarefa de garantir a saúde, segurança e sanidade da personalidade.
          Uma das características principais do Ego é estabelecer a conexão entre a percepção sensorial e a ação muscular, ou seja, comandar o movimento voluntário. Ele tem a tarefa de auto-preservação. Com referência aos acontecimentos externos, o Ego desempenha sua função dando conta dos estímulos externos, armazenando experiências sobre eles na memória, evitando o excesso de estímulos internos (mediante a fuga), lidando com estímulos moderados (através da adaptação) e aprendendo, através da atividade, a produzir modificações convenientes no mundo externo em seu próprio benefício.
          Com referência aos acontecimentos internos, ou seja, em relação ao Id, o Ego desempenha a missão de obter controle sobre as exigências dos instintos, decidindo se elas devem ou não ser satisfeitas, adiando essa satisfação para ocasiões e circunstâncias mais favoráveis ou suprimindo inteiramente essas excitações. O Ego considera as tensões produzidas pelos estímulos, coordena e conduz estas tensões adequadamente. A elevação dessas tensões é, em geral, sentida como desprazer e o sua redução como prazer. O ego se esforça pelo prazer e busca evitar o desprazer (1940, no. 7, pp. 18-19 na cd. bras.).

O SUPEREGO
          Esta última estrutura da personalidade se desenvolve a partir do Ego. O Superego atua como um juiz ou censor sobre as atividades e pensamentos do Ego, é o depósito dos códigos morais, modelos de conduta e dos parâmetros que constituem as inibições da personalidade. Freud descreve três funções do Superego: consciência, auto-observação e formação de ideais.
          Enquanto consciência pessoal, o Superego age tanto para restringir, proibir ou julgar a atividade consciente, porém, ele também pode agir inconscientemente. As restrições inconscientes são indiretas e podem aparecer sob a forma de compulsões ou proibições.
          O Superego tem a capacidade de avaliar as atividades da pessoa, ou seja, da auto-observação, independentemente das pulsões do Id para tensão-redução e independentemente do Ego, que também está envolvido na satisfação das necessidades. A formação de ideais do Superego está ligada a seu próprio desenvolvimento. O Superego de uma criança é, com efeito, construído segundo o modelo não de seus pais, mas do Superego de seus pais; os conteúdos que ele encerra são os mesmos e torna-se veículo da tradição e de todos os duradouros julgamentos de valores que dessa forma se transmitiram de geração em geração (1933, livro 28, p. 87 na ed. bras.).

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