O SILENCIO
Na sombra cúmplice do quarto,
Ao contacto das minhas mãos lentas
A substância da tua carne
Era a mesma que a do silêncio.
Do silêncio musical, cheio
De sentido místico e grave,
Ferindo a alma de um enleio
Mortalmente agudo e suave.
Ah, tão suave e tão agudo!
Parecia que a morte vinha…
Era o silêncio que diz tudo
O que a intuição mal advinha.
É o silêncio da tua carne.
da tua carne de âmbar, nua,
Quase a espiritualizar-se
Na aspiração de mais ternura.
Um comentário:
Acho que não tinha dia melhor para ler esse poema, pois era como literalmente estava, estou, rsrs., (...) No silêncio do meu quarto...!!! E, "Manuel Bandeira" é, Manuel Bandeira, sem comentários!!! Sensacional!!!
Rosiane Brito
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