sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Manuel Bandeira





O SILENCIO


Na sombra cúmplice do quarto,

Ao contacto das minhas mãos lentas

A substância da tua carne

Era a mesma que a do silêncio.

Do silêncio musical, cheio

De sentido místico e grave,

Ferindo a alma de um enleio

Mortalmente agudo e suave.

Ah, tão suave e tão agudo!

Parecia que a morte vinha…

Era o silêncio que diz tudo

O que a intuição mal advinha.

É o silêncio da tua carne.

da tua carne de âmbar, nua,

Quase a espiritualizar-se

Na aspiração de mais ternura.

Um comentário:

Naturé disse...

Acho que não tinha dia melhor para ler esse poema, pois era como literalmente estava, estou, rsrs., (...) No silêncio do meu quarto...!!! E, "Manuel Bandeira" é, Manuel Bandeira, sem comentários!!! Sensacional!!!
Rosiane Brito