sábado, 26 de janeiro de 2008

BRÁULIO TAVARES


Eis um verdadeiro clássico da poesia erótica brasileira (apesar da linguagem um tanto chula)

Poema da buceta cabeluda

A buceta da minha amada
tem pêlos barrocos, lúdicos, profanos.
É faminta como o polígono-das-secas
e cheia de ritmos como o recôncavo-baiano.
A buceta da minha amada é cabeluda como um tapete persa.
É um buraco-negro bem no meio do púbis do Universo.
A buceta da minha amada é cabeluda, misteriosa, sonâmbula.
É bela como uma letra grega:
é o alfa-e-ômega dos meus segredos,
é um delta ardente sob os meus dedos
e na minha língua é lambda.
A buceta da minha amada é um tesouro
é o Tosão de Ouro é um tesão.
É cabeluda, e cabe, linda, em minha mão.
A buceta da minha amada me aperta dentro,
de um tal jeito que quase me morde;
e só não é mais cabeluda do que as coisas
que ela geme quando a gente fode.

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