sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Cego Aderaldo

Quando sua mãe morreu, Aderaldo foi tentar conseguir algum dinheiro para fazer o sepultamento dela, pois, viviam em extrema pobreza. Sabendo que tinha chegado à cidade um grupo de homens endinheirados ele dirigiu-se ao bar onde eles estavam bebendo e se deu o seguinte diálogo narrado pelo próprio poeta:
- É este o cego que canta? – perguntou um deles. - Sou, sim senhor. E vim aqui, batido pelo infortúnio, pedir a tanta nobreza um auxílio para enterrar minha mãezinha... Ouvi alguém dizer: - Ah, morreu-lhe a mãezinha... Houve uma espécie de risada. Os corpos tiniram. Acho que se serviram outra vez. - Bem, nós ajudamos, mas primeiro você tem que cantar! Outro mais atrevido: - Falou que a mãe dele morreu? Não vale nada! Quem tem a mãe viva, tem o Diabo para atentar! Aí, o sangue subiu. Mas logo me lembrei dos conselhos que minha mãe me dera antes de morrer. A provação começava. Era o mundo com sua corte de maldade, me experimentamos. - Cante, ceguinho, que nós lhe damos uma esmola. Eu temperei a garganta, limpando o entalo, e com o coração cheio de dor, cantei então:

“ Oh! Meu Deus do alto céu,
Lá da celeste cidade,
Ouça-me cantar á força
Devido á necessidade,
Aqui chorando e cantando
E mamãe na eternidade...

Perdoe, minha Mãe querida,
Não é por minha vontade:
São os torturas da vida
Que vêm com tanta maldade,
Chorarei meus sentimentos
De vê-la na Eternidade!”

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