Wilhelm Reich (1897–1957) foi um médico, psicanalista e teórico social austríaco, conhecido por suas investigações sobre a energia orgonica e sua manifestação para a psicologia e a sexualidade humana. Discípulo de Sigmund Freud, Reich foi um dos primeiros a conectar a teoria psicanalítica com conceitos sociais e políticos, defendendo a ideia de que a repressão sexual estava relacionada a problemas psicológicos e sociais.
Reich emigrou para os Estados Unidos em 1939, onde continuou suas investigações. No entanto, suas teorias foram tachadas de pseudociência, e em 1954 a FDA ordenou a destruição de seus acumuladores de orgone e seus escritos. Reich foi encarcerado em 1956 por desobedecer esta ordem e morreu na prisão um ano depois.
Seu legado é polêmico: embora tenha sido rechaçado pela ciência oficial, suas ideias influenciaram o movimento da contracultura nos anos 60 e algumas correntes da psicoterapia contemporânea, por ter incluído o corpo na psicoterapia.
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Que é então necessário que eu faça para me transformar no
suporte da sociedade humana?
Nada terás que fazer de extraordinário ou de novo - basta
que continues arando os teus campos, usando o teu machado, examinando os teus
doentes, levando os teus filhos à escola ou ao campo de jogos, contando aos
teus o teu dia a dia, tentando penetrar mais fundo nos segredos da natureza. Tudo
isso já és capaz de fazer - embora o tenhas na conta de insignificante perante
os feitos do general cheio de condecorações ou príncipe inchado, cavaleiro de
armadura reluzente. (In: Escuta, Zé ninguém! p. 101)
Se o misticismo religioso nega o próprio princípio da
economia sexual, se condena a sexualidade como um fenômeno humano errado que só
pode ser redimido no além, o fascismo nacionalista transfere a sensualidade
sexual para a “raça estrangeira”, relegando-o assim a uma posição inferior. O
rebaixamento da raça estrangeira coincide a partir de agora, organicamente, com
o imperialismo Da fase tardia do patriarcado. (In: Psicologia de massas do
fascismo. P. 85)
Freud era diferente. Enquanto
os outros desempenhavam um papel qualquer - o do professor, o do grande
conhecedor do caráter humano, o do cientista eminente -, Freud não se dava ares
de importante. Falou comigo como uma pessoa absolutamente comum. Tinha um olhar
vivo e inteligente, que não procurava penetrar o olhar do interlocutor com
qualquer espécie de pose, mas olhando simplesmente o mundo de uma forma honesta
e franca. (In: A função do orgasmo. P. 39)