sábado, 21 de abril de 2012

A GÊNESE DA PERSONALIDADE (esboço de aula)


A GÊNESE DA PERSONALIDADE


  • EXEMPLOS DA COMPLEXIDADE ENTRE OS FATORES INATOS E ADQUIRIDOS:

1.      A Identidade Sexual:  . Para R. J. Stoller, o sexo anatômico deve ser diferenciado do que  ele chamou de gênero (convicção da adequação de seu sexo anatômico).
2.      O Nanismo psicossocial:  .  Crianças que apresentam parada total do crescimento devido a problemas relacionais.
 

·        CONTINUIDADE E DIFERENCIAÇÃO:

1.      “A satisfação das necessidades fisiológicas, o próprio fato de sua necessária repetição e apaziguamentos que ela carrega, representa um ponto de apoio (escoramento...) e de ancoragem essencial. (JEAMMET. 2000, 74)”
2.      Continuidade Relacional: o indivíduo se constrói a partir da continuidade de suas relações, onde seu EU se constitui nas respostas e trocas com as figuras dominantes de seu meio. A natureza dessas trocas é sensorial, já que a criança não é capaz ainda de representar mentalmente.
3.      Se o desenvolvimento da personalidade se apóia necessariamente em aprendizados de todos os tipos, práxicos e cognitivos, os mesmos são largamente tributários do clima emocional no qual se desenvolvem e da qualidade das relações da criança com seu meio ambiente”. E afirma que é “essa qualidade que condiciona a facilitação ou o entrave de tais aprendizados” (JEAMMET. 2000, 75)
4.      É necessário no entanto, que existam fatores de descontinuidade para que haja DIFERENCIAÇÕES “indispensáveis ao processo de autonomia progressivo da criança e à constituição da sua identidade (op.cit.75)”.

·        EIXOS DE DESENVOLVIMENTO:

1.      Relacional: é o eixo das RELAÇÕES DE OBJETO, das trocas afetivas entre o bebê e o mundo, particularmente à função materna, para depois se estender a outros objetos.
2.      Autonomia do sujeito: “é feito de tudo o que contribui para reforçar essa autonomia e assegura a diferença entre o indivíduo e os outros”. Paradoxo: “para ser eu (ter uma atitude de acordo com a sua personalidade) e tornar-se autônomo, é preciso aceitar se alimentar de trocas com os outros (op.cit. 76)”.




·        DAS PRIMEIRAS INTERAÇÕES ENTRE A CRIANÇA E SEU AMBIENTE:

1.      Donald Woods WINNICOTT (pediatra e psicanalista, 1896-1971):
Ø  “A tendência hereditária não pode agir sozinha, é o ambiente que facilita o crescimento do indivíduo durante o desenvolvimento do bebê e da criança pequena. No extremo oposto, se disséssemos que ensinamos tudo a nossos filhos, isso seria um patente absurdo. Não somos capazes sequer de ensina-los a andar, mas sua tendência inata para andar numa certa idade necessita de nós.” (1986, p. 249-50. Apud. NASIO, 1995, p. 198).

Ø  “O objeto transicional e os fenômenos transicionais trazem a todo ser humano, desde o começo, algo que será sempre importante para ele, a saber, uma área neutra de experiência que não seja contestada.” (op.cit. p. 198)

Ø  O fundamento de uma estrutura psíquica sadia e estável deve ser relacionado, certamente, com a confiabilidade da mãe interna, mas essa própria capacidade é sustentada pelo indivíduo. É verdade que as pessoas passam a vida carregando o refletor em que se apóiam, mas, em algum lugar, no começo, tem que haver um refletor que se sustente sozinho, caso contrário, não há introjeção da confiabilidade.” (op.cit. p. 199.)

Ø  “O ser humano, em sua maturidade, não é nem tão gentil nem tão malvado quanto o imaturo. A água dentro do copo é lodosa, mas não é lama.” (op.cit. p. 199)

2.      Jeammet. Reynaud e Consoli:

Ø  “O auto-erotismo se alimenta das experiências onde a criança, nas suas trocas com a mãe, retira um prazer que pode torna-las objeto de uma interiorização.” Traços mnemônicos que serão evocados posteriormente.

Ø  “O que vai contar para atenuar a tensão e dar à criança uma segurança interna é reencontrar os traços mnemônicos dessa experiência de satisfação (...) O auto-erotismo consiste, então, num reinvestimento intermitente dos traços mnemônicos da satisfação anterior, reinvestimento tornado independente da expressão da necessidade inicial.”

Ø  O principio prazer-desprazer é constitutivo da personalidade em seu desenvolvimento primitivo graças aos traços que se inscrevem como memória.



Melanie Klein: O Psiquismo Primitivo da Criança.




·        A primeira defesa imposta pelo ego está em relação com duas fontes de perigo: o próprio sadismo do sujeito e o objeto que é atacado.
              O objeto atacado se converte em fonte de perigo. 
                           (Contribuições á Psicanálise, p. 296)

·        Identificação: surge das tentativas que faz a criança para reencontrar em todos os objetos seus próprios órgãos e funções.

·        Simbolismo: Fundamento de toda sublimação e de todo talento, uma vez que é através da equação simbólica que as coisas, as atividades e os interesses se convertem em tema de fantasias libidinosas.op.cit p.297

·        A relação do sujeito com o mundo externo se dá pelo simbolismo.

·        O bebe é incapaz de distinguir o ‘eu’ e o ‘não eu’; suas sensações particulares são o seu mundo, o mundo para ele; assim, quando está com frio, faminto ou solitário, para ele é como se no mundo não existisse mais leite, prazer ou bem-estar. (Amor, Odio e Reparação, p.23)

·        A capacidade de identificação com outra pessoa é o elemento mais importante nos relacionamentos humanos em geral, e também condição para autênticos e fortes sentimentos de amor. Op.cit.p 105

·        A mãe é a cena, o lugar dos deslocamentos do sujeito e o receptáculo de um número cada vez mais considerável de objetos.




CONDIÇÕES PARA O PROCESSO DE AUTONOMIA E DIFERENCIAÇÃO.

A qualidade das interações afetivas vai constituir: os autoerotismos e as bases narcísicas.
Estabelecimento de Limites: O proibido: não se pode fazer tudo. E, «é porque teremos sabido lhe dizer NÃO que a criança poderá dize-lo à sua volta, tomando então consciência da sua capacidade de existir por ela mesma». O amor está diretamente relacionado ao efeito da proibição.
Estabelecimento de investimentos diferenciados: Percepção que se apóia na “repartição diferenciada das Funções e Atitudes”. No C. de Édipo, o casal parental permite à criança se situar numa genealogia e na diferença dos sexos. O fracasso desse sistema de representações, pode ser observado nas Psicoses e Perversões. Pais inseguros usam seus filhos “para negar sua incompletude e suprimir as diferenças,no detrimento do outro pai”.




 
 


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