sábado, 19 de junho de 2010

Alduísio Moreira de Souza

"Memórias quase esquecidas", obra em 3 volumes do psicanalista mineiro Alduísio Moreira de Souza, é um relato dramático do percurso de um homem em busca de sua verdade e de seu lugar no mundo. Da infância cheia de aventuras míticas e amores encantados de criança na Fazenda Velha de Baixo; passando pela militância de esquerda e do Movimento Estudantil, que culminou em prisão, torturas, mortes de amigos e exílio; até os anos intensos de seu exílio na França, marcado pela descoberta da Psicanálise e (re)descoberta do auto-hetero-erotismo no corpo de belas mulheres e retomada do corpo próprio - quase desmontado, desconstruído pelo sadismo dos porões da ditadura militar brasileira. E depois a volta do outro lado do rio que não se avista a outra banda, pra banda de cá.
Trata-se de uma grande história de amor (almor) em suas múltiplas formas: o amor romântico-sensual(d'aqueles olhos ausentes/presentes nas mulheres),  as amizades (Diaraque/Pai/Avô/Camaradas), e, o desejo de saber (epistemofilia sempre presente de Dona Zazica a Jacques Lacan).
"A vida para mim, só tem sentido para além do viver se tenho uma paixão. Pode ser a própria vida. Mas é uma paixão que implica movimento. Tanto do corpo quanto do pensamento".
O estilo de Alduísio nos remete aos grandes contadores de história da nossa Literatura que fizeram de suas terras personagens (a fazenda, o sertão, as matas, os rios, a fauna e a flora) que dialogam com as outras personagens humanas e animais. A Fazenda Velha de Baixo, Paris, Brasilía, Roma e Normandia ficam tão próximas, tão familiares... Distância? Nada é longe ou perto.

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