Quem nunca sofreu por amor? Desde o sofrimento causado pelos amores obsessivos, que levam os indivíduos a viverem a dor de uma relação a dois em que o desejo de uma experiência simbiótica impraticável dita o ritmo, até aquelas em que é o final do relacionamento, seja por traição ou mesmo quando acaba o sentimento do outro lado, todos já passaram por isso. E, realmente seria ótimo se houvesse uma pílula milagrosa que nos livrasse desse infortúnio.
Entretanto, a pergunta que não quer calar, bem colocada pela autora da matéria é: "seria mesmo adequado tratar o sentimento como se lida com uma gripe, uma gastrite?". Para os defensores da ideia da chamada "biotecnologia antiamor" sim. Para Brian Earp, neurocientista da Universidade de Oxford, a neurociência apresenta um novo entendimento do amor, que é dividido em três fases ( Desejo sexual, Atração e Vínculo), com possibilidades de tratamento para qualquer uma das três fases.

E o tratamento como seria? Antidepressivos para reduzir os pensamentos obsessivos e a euforia diante do ser amado; inibidores de testosterona, antiácidos, estatinas e até anti-hipertensivos para diminuir a excitação e o desejo, e Naltrexona (usada no tratamento do alcoolismo e dependência de opióides) para tratar a dependência.
E aí, vai um comprimido ou uma pilulazinha? Ou não seria melhor e mais maduro (excetuando os casos de amores patológicos, obsessões ou psicopatias) até sofrer sua dor dessa perda, viver seu luto, chorar um bocado e finalmente aceitar nossa limitação de que não se pode ter tudo? O outro não tem obrigação de nos amar da forma que nós gostaríamos de ser amados, se ele(a) preferiu outro caminho não foi nossa culpa, foi o desejo dele(a), isso pode doer muito, mas, a vida continua.
Lembrei de uma música cantada por Marisa Monte (vou postar o vídeo lá em cima), em que ela fala sobre o fim de um relacionamento com tanta maturidade ( "depois de aceitarmos os fatos, vou trocar seus retratos por o de outro alguém... Quero que você seja feliz, eu vou ser feliz também... depois") que faz a proposta dos neurocientistas ingleses parecer mais uma daquelas esquisitices de querer medicalizar a vida, como se não se pudesse sofrer, ficar tristes etc... Viva o pharmakon.
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