·
A
descoberta das diferenças anatômicas entre os sexos (presença ou ausência
de pênis) motiva a inveja do pênis nas meninas e a ansiedade de castração nos meninos, pois o complexo de castração centraliza-se na fantasia de que o pênis da menina foi cortado.
· A principal zona erógena das meninas localiza-se no clitóris que, do ponto-de-vista de Freud, é homólogo à glande (zona genital masculina).
· Klein, Horney e Jones consideram que a menina tem um conhecimento intuitivo da cavidade vaginal e os conflitos da fase fálica apenas desempenham uma função defensiva em relação às suas ansiedades relacionadas com a feminilidade.
· Durante a fase fálica, a culminância do Complexo de Édipo (que conota a posição da
criança numa relação triangular), segue diferentes caminhos para ambos os sexos, no processo de sua dissolução: ameaça de castração (meninos) e o desejo de um bebê como um equivalente simbólico do pênis (meninas).
O Complexo de Édipo
·
Inspirado
pela lenda grega, Oedipus Rex, de Sófocles, Freud descobriu o Complexo de Édipo durante sua auto-análise.
· O Complexo de Édipo (3-5 anos de idade) é uma peculiar constelação de desejos
amorosos e hostis que a criança vivencia em relação aos seus pais no pico da
fase fálica.
· Em sua forma positiva, o rival é o genitor do mesmo sexo e a criança deseja uma
união com o genitor do sexo oposto.
· Em sua forma negativa, o rival é o genitor do sexo oposto, enquanto que o genitor
do mesmo sexo é o objeto de amor.
· Em sua forma completa, num nível inconsciente, ambas as formas coexistem devido à ambivalência da criança e sua necessidade de proteção. A relação dialética entre ambas as formas vai determinar se o desejo humano seguirá uma orientação homo ou heterossexual.
·
Nessa
estrutura triangular a interação entre os desejos inconscientes dos pais e as
pulsões da criança desempenha papel fundamental na constituição do cenário
edípico.
· A proibição contra o incesto é uma lei universal nas mais variadas culturas. O destino de Hamlet mostra que mesmo um triunfo edipiano disfarçado pode tornar-se uma sombra ameaçadora, devido à trágica "gratificação" de seu desejo inconsciente.
· Em "A Dissolução do Complexo de Édipo" (1924d) Freud diz: Quando o ego não conseguiu provocar mais do que um recalcamento do complexo, este permanece no id no estado inconsciente; mais tarde irá manifestar sua ação patogênica."[ES, XIX, CDROM]
· O declínio do complexo de Édipo e a entrada no período de latência estão relacionados à ameaça de castração (meninos) e ao desejo de ter um bebê (meninas). A resolução do complexo, após a puberdade, é possível através da
escolha de um substituto adequado para o objeto de amor.
· O Complexo de Édipo mantém sua função de um organizador inconsciente durante toda a vida e forma um elo indissolúvel entre o Desejo e a Lei.
O Período de Latência
·
O
período de latência (6-12 anos de idade) tem sua origem na dissolução do
Complexo de Édipo, a qual ocorreu na fase fálica.
· Em "A Dissolução do Complexo de Édipo" (1924d) Freud diz: "Ainda não se tornou claro, contudo, o que é que ocasiona sua destruição. As análises parecem demonstrar que é a experiência de desapontamentos penosos... Mesmo não ocorrendo nenhum acontecimento especial tal como os que mencionamos como exemplos, a ausência da satisfação esperada, a negação continuada do bebê desejado, devem, ao final, levar o pequeno amante a voltar as costas ao seu anseio sem esperança. Assim, o complexo de Édipo se encaminharia para a
destruição por sua falta de sucesso, pelos efeitos de sua impossibilidade interna. Outra visão é a de que o complexo de Édipo deve ruir porque chegou a hora para sua desintegração, tal como os dentes de leite caem quando os permanentes começam a crescer. " [SE, XIX,CDROM]
· Ainda que este período constitua uma pausa na evolução da sexualidade, este fato não significa necessariamente que a criança não tenha nenhum interesse sexual até
chegar à puberdade, mas principalmente que não se desenvolverá nesse período
uma nova organização da sexualidade.
· O surgimento de sentimentos de pudor e repugnância, a identificação com os pais,
a intensificação das repressões e o desenvolvimento de sublimações são características do período de latência.
Fase Genital
·
Precedida
pelo período de latência, a organização genital propriamente dita se instala na
puberdade, quando as pulsões parciais estão definitivamente integradas sob a
primazia genital específica de cada sexo. É o estágio final do desenvolvimento
libidinal instintual.
· Nos Três Ensaios sobre a Teoria da Sexualidade, Freud esclarece: "A diferença desta última reside apenas em que a concentração das pulsões parciais e sua subordinação ao primado da genitália não são conseguidas na infância, ou só o são de maneira muito incompleta. Assim, o estabelecimento desse primado a serviço da reprodução é a última fase por que passa a organização sexual." [ES, VII, CDROM]
· Fixações e regressões podem estancar o desenvolvimento libidinal e interferir na
primazia genital e no funcionamento genital adequado na vida adulta.
APARELHO PSÍQUICO – Modelo Topográfico
·
Nesse
modelo tópico, o aparelho psíquico é composto por três sistemas: o inconsciente
(Ics), o pré-consciente (Pcs) e o consciente (Cs).
· O sistema consciente
tem a função de receber informações provenientes das excitações provenientes do
exterior e do interior, que ficam registradas qualitativamente de acordo com o
prazer e/ou, desprazer que elas causam, porém ele não retém esses registros e
representações como depósito ou arquivo deles. Assim, a maior parte das funções
perceptivo-cognitivas-motoras do ego – como as de percepção, pensamento, juízo crítico,
evocação, antecipação, atividade motora, etc., processam-se no sistema consciente, embora esse funcione intimamente conjugado com o sistema Inconsciente, com o qual quase sempre está em oposição.
·
O sistema pré-consciente
foi concebido como articulado com o consciente e, tal como sugere no “Projeto”, onde
ele aparece esboçado com o nome de “barreira de contato”, funciona como uma espécie de peneira que seleciona aquilo que pode, ou não, passar para o consciente. Ademais, o pré-consciente também funciona como um pequeno arquivo de registros, cabendo-lhe sediar a fundamental função de conter as representações de palavra.
· O sistema inconsciente
designa a parte mais arcaica do aparelho psíquico. Por herança genética, existem pulsões, acrescidas das respectivas energias e “protofantasias”, como Freud denominava as possíveis fantasias atávicas que também são conhecidas por “fantasias primitivas, primárias ou originais”. As pulsões estão reprimidas sob a forma de repressão primária ou de repressão secundária.
·
características
essenciais do inconsciente como sistema (ou Ics):
a) Os seus “conteúdos” são “representantes” das pulsões.
b) Estes “conteúdos” são regidos pelos mecanismos específicos do processo primário, principalmente a condensação e o deslocamento.
c) Fortemente investidos pela energia pulsional, procuram retornar à consciência e à ação (retorno do recalcado); mas só podem ter acesso ao sistema Pcs-Cs nas formações de compromisso, depois de terem sido submetidos às deformações da censura.
d) São, mais especialmente, desejos da infância que conhecem uma fixação no inconsciente.
e) se manifestam sob a forma de
sonhos, chistes, atos falhos e sintomas, chamadas de “formações do ics”.
APARELHO PSÍQUICO – Modelo Estrutural
O
ID
· O Id contém tudo o que é herdado, que se acha presente no nascimento e está
presente na constituição, acima de tudo os instintos que se originam da organização somática e encontram expressão psíquica sob formas que nos são desconhecidas (1940, livro 7, pp. 17-18 na ed. bras.). O Id é a estrutura da personalidade original, básica e central do ser humano, exposta tanto às exigências somáticas do corpo às exigências do ego e do superego.
· As leis lógicas do pensamento não se aplicam ao Id, havendo assim, impulsos
contrários lado a lado, sem que um anule o outro, ou sem que um diminua o outro
(1933, livro 28, p. 94 na ed. bras.). O Id seria o reservatório de energia de toda a personalidade.
· O Id pode ser associado a um cavalo cuja força é total, mas que depende do
cavaleiro para usar de modo adequado essa força. Os conteúdos do Id são quase
todos inconscientes, eles incluem configurações mentais que nunca se tornaram
conscientes, assim como o material que foi considerado inaceitável pela consciência. Um pensamento ou uma lembrança, excluído da consciência mas localizado na área do Id, será capaz de influenciar toda vida mental de uma pessoa.
O EGO
·
O
Ego é a parte do aparelho psíquico que está em contato com a realidade externa.
O Ego se desenvolve a partir do Id, à medida que a pessoa vai tomando
consciência de sua própria identidade, vai aprendendo a aplacar as constantes
exigências do Id. Como a casca de uma árvore, o Ego protege o Id, mas extrai
dele a energia suficiente para suas realizações. Ele tem a tarefa de garantir a
saúde, segurança e sanidade da personalidade.
· Uma das características principais do Ego é estabelecer a conexão entre a percepção
sensorial e a ação muscular, ou seja, comandar o movimento voluntário. Ele tem
a tarefa de auto-preservação. Com referência aos acontecimentos externos, o Ego
desempenha sua função dando conta dos estímulos externos, armazenando
experiências sobre eles na memória, evitando o excesso de estímulos internos
(mediante a fuga), lidando com estímulos moderados (através da adaptação) e
aprendendo, através da atividade, a produzir modificações convenientes no mundo
externo em seu próprio benefício.
· Com referência aos acontecimentos internos, ou seja, em relação ao Id, o Ego
desempenha a missão de obter controle sobre as exigências dos instintos, decidindo se elas devem ou não ser satisfeitas, adiando essa satisfação para ocasiões e circunstâncias mais favoráveis ou suprimindo inteiramente essas excitações. O Ego considera as tensões produzidas pelos estímulos, coordena e conduz estas tensões adequadamente. A elevação dessas tensões é, em geral, sentida como desprazer e o sua redução como prazer. O ego se esforça pelo prazer e busca evitar o desprazer (1940, no. 7, pp. 18-19 na cd. bras.).
O Superego
· Esta última estrutura da personalidade se desenvolve a partir do Ego. O Superego
atua como um juiz ou censor sobre as atividades e pensamentos do Ego, é o depósito dos códigos morais, modelos de conduta e dos parâmetros que constituem as inibições da personalidade. Freud descreve três funções do Superego:
consciência, auto-observação e formação de ideais.
· Enquanto consciência pessoal, o Superego age tanto para restringir, proibir ou julgar a atividade consciente, porém, ele também pode agir inconscientemente. As restrições inconscientes são indiretas e podem aparecer sob a forma de compulsões ou proibições.
· O Superego tem a capacidade de avaliar as atividades da pessoa, ou seja, da
auto-observação, independentemente das pulsões do Id para tensão-redução e
independentemente do Ego, que também está envolvido na satisfação das necessidades. A formação de ideais do Superego está ligada a seu próprio
desenvolvimento. O Superego de uma criança é, com efeito, construído segundo o
modelo não de seus pais, mas do Superego de seus pais; os conteúdos que ele
encerra são os mesmos e torna-se veículo da tradição e de todos os duradouros
julgamentos de valores que dessa forma se transmitiram de geração em geração
(1933, livro 28, p. 87 na ed. bras.).
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